Maria do Céu Albuquerque é a nova ministra da Agricultura. Senhor agricultor se não conhece a substituta de Luís Capoulas Santos, saiba que é a ex-presidente da Câmara Municipal de Abrantes. Nunca desenvolveu antes qualquer actividade no sector agrícola, nem em termos produtivos, nem políticos. É a mulher que vai negociar a Política Agrícola (PAC) pós-2020.
É Licenciada em Bioquímica pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra e pós-graduada em Gestão da Qualidade e Segurança Alimentar pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz.
Foi presidente da Câmara Municipal de Abrantes durante 9 anos e desde 2013 presidiu ao Conselho Inter-municipal da Comunidade Inter-municipal do Médio Tejo.
Foi membro do Conselho Económico e Social e do Conselho das Comunidades e Regiões da Europa na Comissão Permanente para a Igualdade das Mulheres e dos Homens na Vida Local.
É, ainda, membro do Comité de Acompanhamento do Programa Operacional Regional do Centro – Centro 2020, e da Comissão Executiva da Entidade Regional do Turismo Centro de Portugal, presidindo também à direcção da TecParques – Associação Portuguesa de Parques de Ciência e Tecnologia.
Agricultura à parte
Numa altura em que Portugal terá de ter uma posição forte nas negociações da futura PAC pós-2020, O primeiro-ministro, António Costa, optou por escolher uma “inexperiente” na pasta da Agricultura.
Portugal arrisca-se a perder apoios comunitários à Agricultura. Ainda em recente entrevista ao Jornal Económico, o ainda ministro da Agricultura, Capoulas Santos, dizia: “o objectivo negocial central consiste agora na eliminação da proposta de corte que ainda subsiste para o II Pilar da PAC, objectivo difícil, mas que considero alcançável, tendo em vista um resultado final em que, apesar da redução do Orçamento da PAC, os agricultores portugueses não sofram cortes”.
E adiantava que “[na PAC pós 2020] pretendemos que seja anulado o corte para Portugal, queremos mais margem de manobra nacional, menos burocracia e boas regras de aplicação”.
No fim da entrevista ao Jornal Económico, Capoulas já deixava a mensagem: “O meu compromisso com o senhor primeiro-ministro termina no final do mandato deste Governo”.
Acordo com PAN?
Fontes socialistas contactadas pelo agriculturaemar.com garantem que “esta escolha de António Costa pode estar ligada a um acordo com o PAN, Pessoas – Animais – Natureza”, liderado por André Silva, um “partido que não gosta do Capoulas”. “Era um alvo a abater, para garantir a longevidade da legislatura”.
Relembre-se que o PAN quer “restringir o financiamento de culturas agrícolas intensivas e super-intensivas através do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020), antecipar as metas de redução da produção de animais de pecuária, nomeadamente bovinos, até ao ano de 2030, entre 25% e 50%, como meta para se atingir a neutralidade carbónica, e “cessar os apoios públicos à produção de carne e leite”.
Surpresa
A nomeada para a pasta da Agricultura é assim uma surpresa para socialistas e agricultores. Maria do Céu Albuquerque recebeu as distinções “Autarquia +Familiarmente Responsável”, “Prémio Municipal Viver em Igualdade”, prémio “The Tesla Sustainable Leadership Award” categoria Liderança, “Prémio Women of the Decad in Public Life”, Galardão da All Ladies League. Nenhum deles relacionado com a agricultura.
Maria do Céu Albuquerque, de 49 anos, era secretária de Estado do Desenvolvimento Regional e integra o secretariado nacional do PS.
A ex-autarca de Abrantes durante 9 anos, que foi eleita nas eleições legislativas de 6 de Outubro, abre assim uma vaga na lista do PS por Santarém, o mesmo acontecendo com Alexandra Leitão, que nas últimas eleições foi cabeça de lista do PS no círculo de Santarém e que depois de ter sido secretária de Estado da Educação, será agora Ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública.
Maria do Céu Albuquerque é a segunda mulher a ocupar o cargo de ministra da Agricultura, depois de Assunção Cristas, no tempo do Governo de Passos Coelho. Com um longo passado como autarca no município onde nasceu em 1970, Abrantes, Maria do Céu Albuquerque é uma desconhecida no sector agrícola. Vai ter de governar como a sua antecessora, com o apoio de dois secretários de Estado de perfil mais técnico.
Agricultura e Mar Actual