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Diretora da OMC apoia Brasil em excluir fertilizantes russos e bielorrussos das sanções

A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) afirmou hoje que apoia o Brasil na defesa de exclusão das sanções internacionais fertilizantes russos e bielorrussos, necessários para o país produzir e exportar alimentos.

“É preciso facilitar acesso aos fertilizantes a partir das regiões em conflito”, afirmou, Ngozi Okonjo-Iweala, durante uma conferência de imprensa, em Brasília, acompanhada pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França.

“Precisamos conversar com os membros, para vermos como avançar e superar os problemas, como acertar um tratamento excecional para a livre circulação de fertilizantes”, acrescentou, concordando assim com o pedido do Governo brasileiro.

O Brasil é um dos maiores exportadores do mundo de produtos agrícolas, contudo, depende em mais de 80% de importação de fertilizantes, sendo que cerca de 20% destes provem da Rússia e mais de 10% da Bielorrússia.

Depois de ouvir os responsáveis brasileiros, a responsável da OMC garantiu que vai trabalhar em conjunto com a ONU para que os fertilizantes fiquem de fora das sanções aplicadas pela comunidade internacional aos dois países devido à invasão à Ucrânia por parte da Rússia.

A razão, justificou, é o facto de os preços dos alimentos estarem a subir em praticamente todo o mundo e “se o Brasil não produzir, no próximo ano [os preços] sobem ainda mais”.

A acrescentar, num relatório divulgado na semana passada, a ONU alertou que a guerra na Ucrânia está a ter um impacto “global e sistémico”, deixando 1,7 mil milhões de pessoas “altamente expostas” a interrupções nos sistemas de alimentação, energia e finanças.

Por essa razão, e para atenuar a possível escassez e a encarecimento dos alimentos, a diretora-geral da OMC apelou aos responsáveis brasileiros que “intensifiquem e produzam mais” produtos, nomeadamente milho e soja.

Durante a conferência de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil garantiu que o país vai honrar os contratos assinados e que pode mesmo ampliar a exportação, mas para isso é preciso que os fertilizantes “cheguem ao Brasil”.

“Para manter e ampliar temos de ter acesso aos insumos”, afirmou Carlos França, acrescentando ainda que o Brasil pediu à OMC que lidere a iniciativa de “livre trânsito desses insumos para que a situação de embargos (…) não impeça a chegada desses insumos aqui no Brasil”

Sobre a matéria da exportação agrícola no país que é um dos ‘celeiros do mundo’, Ngozi Okonjo-Iweala teve reuniões hoje com o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e ainda com deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e representantes do agronegócio.

A diretora da OMC parte na terça-feira de manhã para cidade de São Paulo, onde a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) realizam um evento chamado “Diálogo Empresarial” em que devem apresentar um documento com as prioridades do setor, que incluem o combate aos subsídios agrícolas e industriais.

Ngozi Okonjo-Iweala nasceu na Nigéria, foi ministra de Estado no seu país e tornou-se a primeira mulher e a primeira africana a atuar como diretor-geral da OMC em março de 2021.


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