É urgente a recuperação dos ecossistemas para travar o declínio dos polinizadores

A Europa está a atravessar uma perda devastadora da biodiversidade, os motivos são vários, mas destacam-se as atividades humanas insustentáveis e as alterações climáticas. As consequências são desastrosas para a agricultura, planeta, pessoas e economia, que dependem de ecossistemas saudáveis.

Dada a importância da sua recuperação, há iniciativas que podem ser rapidamente implementadas, para minimizar os impactos negativos.

Tais iniciativas estão alinhadas com as diretrizes das Nações Unidas, no que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), nomeadamente, cidades e comunidades sustentáveis (ODS 11), produção e consumo sustentáveis (ODS 12), ação climática (ODS 13), e proteger a vida terrestre (ODS 15).

Esta é a hora de poupar a natureza de perdas irreversíveis. Foquemo-nos nos polinizadores que, para além das abelhas apis melíferas, associadas à produção de mel, têm sofrido um declínio acentuado, em grande parte atribuído aos tratamentos aplicados na agricultura. Não menos preocupante é, na Europa, o desaparecimento de outros polinizadores, como os sirfídeos, assim como, insetos, borboletas, besouros. E também outros animais menos evidentes, como os lagartos, os roedores e os pássaros.

Este tema tem atraído muita atenção na Comissão Europeia, uma vez que as abelhas e outros insetos polinizadores são essenciais para os nossos ecossistemas e biodiversidade, havendo mesmo várias iniciativas em curso sobre esta temática, na “Estratégia de Biodiversidade da UE para 2030 – trazer a natureza de volta às nossas vidas”, onde não foi esquecido o Pacto Ecológico Europeu, assim como a estratégia do Prado ao Prato.

Este declínio, que se estima em 70%, resulta da ação do homem nas suas diversas atividades não só agrícolas, como muitas vezes é referido. A diminuição das populações de polinizadores silvestre e domesticados representa um enorme problema no que toca à segurança alimentar ou até mesmo soberania alimentar. Existem cerca de 2 mil espécies silvestres na Europa, mas a sua recuperação é demorada. Para que isso aconteça com celeridade, é urgente aplicar as políticas determinadas pela Comissão Europeia.

75% das plantas cultivadas para consumo humano dependem de polinizadores, algumas das culturas com relevância económica em Portugal, como o tomate, abóbora, maçã, laranja e cereja, ficam comprometidas. Estes hortofrutícolas fazem parte da cesta básica dos clientes do Continente e, por isso, importa continuar a apoiar a sua produção em Portugal.

Assim, e para que seja possível minimizar o impacto que a agricultura tem sofrido com a perda de biodiversidade, o Clube de Produtores Continente, ao abrigo da iniciativa M1 “Promover colaboração entre os vários produtores no sentido de aumentar os polinizadores, incluindo a abelha apis melífera, por via da transumância das colmeias”, no âmbito da Declaração para a Sustentabilidade, colocou à disposição dos produtores de frutas, um serviço de polinizadores realizado em parceria com os produtores de mel. Numa primeira fase, estão disponíveis 5 000 colmeias, que serão deslocadas para as áreas mais necessitadas.

Estudos recentes indicam que as abelhas apis melífera não substituem os polinizadores silvestres, mas podem e devem ser utilizadas como um complemento muito importante em zonas em que a biodiversidade está comprometida. Nesse sentido, e em paralelo, iremos continuar o trabalho de formação juntos dos produtores para que estes utilizem cada vez mais técnicas de agricultura regenerativa, mais propriamente da Agroecologia, que liga agronomia, ecologia e economia.

O Clube de Produtores Continente, empenhado no apoio à produção nacional, continuará a disponibilizar meios para que os nossos produtores mantenham uma produção sustentável, ao nível ambiental e económico.

Mónica Sobreiro

Category Specialist – azeites, arroz, leguminosas, mel e compotas, ovos e produtos lácteos, MC


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