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Greenpeace alerta para agravamento da pobreza extrema devido à desflorestação

A organização ambientalista Greenpeace avisa que a desflorestação contínua da bacia tropical do Congo poderá agravar a pobreza extrema, em linha com as previsões do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla inglesa).

Em 21 de março, o IPCC, que integra a Organização das Nações Unidas (ONU), considerou a bacia do Congo um cenário fundamental para reduzir os efeitos das mudanças climáticas.

A proteção das florestas também integra os objetivos propostos pela ONU na sua Agenda para o Desenvolvimento Sustentável em 2030, a qual será alvo de debate na próxima cimeira mundial do clima – COP27 – planeada para novembro de 2022, em Sharm-El-Sheikh (Egito).

Contudo, em oposição aos compromissos assumidos na última conferência climática global (a COP26, em Galsgow), Sylvie Djacbou Deugoue, ativista da Greenpeace África, veio denunciar a destruição da floresta e a perda “irreversível” de biodiversidade e da capacidade de captação de carbono.

Num texto de opinião publicado pela agência noticiosa Inter Press Service (IPS), Deugoue posiciona-se contra a crescente concessão estatal de terras para fins agroindustriais e plantações de óleo de palma e borracha.

Citando dados da Global Forest Watch, a ativista alerta para uma desflorestação equivalente a “10 campos de futebol por minuto”, acrescentando que este ritmo tem vindo a aumentar “apenas para enriquecer uma pequena porção da elite egoísta”.

Deugoue diz esperar “mais ação e menos promessas falsas dos líderes africanos”, olhando a COP27 como uma oportunidade de pressionar os governos a agir “com a mesma velocidade com que declararam os seus compromissos de adereçar a crise climática”.

Na sua perspetiva, os interesses económicos têm levado à expropriação não consentida da terra ancestral indígena, forçando a migração e oprimindo as culturas e línguas locais, bem como tornando a região mais vulnerável às alterações climáticas e às doenças.

Além disso, a desflorestação contribui para o empobrecimento, visto que as pessoas ficam impedidas de recolher os recursos silvícolas que costumavam vender e utilizar para fins nutritivos e medicinais, indica a ativista, residente nos Camarões.

Embora as empresas “se gabem de estar a promover o desenvolvimento ao abrir estradas, importa notar que estas estradas são usadas sobretudo para transportar a madeira para os mercados e estão vedadas à população”.

Esta também não beneficia de emprego nas concessões e, “mesmo quando membros das comunidades locais são contratados, recebem uma ninharia”, agravando as condições precárias que a pandemia de covid-19 já piorara.

O último relatório do IPCC “estima que só na próxima década, as alterações climáticas reduzirão à pobreza extrema mais 32 a 132 milhões de pessoas”, segundo Deugoue, para quem a redução dos riscos ambientais e da pobreza “envolveria parar efetivamente a desflorestação e implementar políticas climáticas que assegurem justiça social e participação real das comunidades”.

Assim, a ativista da Greenpeace pede a adoção de “modelos de desenvolvimento alternativos que abracem o bem-estar das comunidades indígenas e promovam florestas saudáveis”, aproveitando a sabedoria daquelas e salvaguardando-as da expropriação.

A bacia do Congo é a segunda maior floresta tropical do mundo, depois da Amazónia, e abarca seis países africanos: República do Congo, República Democrática do Congo (RDCongo), Camarões, Guiné Equatorial, Gabão e República Centro-Africana (RCA).


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