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Hortipor usa controlo biológico de pragas em tomate há duas décadas

A Hortipor, um dos maiores produtores nacionais de tomate, iniciou há vários anos a transição para uma horticultura 100% sustentável, onde a luta biológica e os biopesticidas são aliados no controlo de pragas e doenças.

A Hortipor usa biosoluções há mais de duas décadas. Tudo começou com a luta biológica em Torres Vedras e, posteriormente, em Odemira e no Montijo. Ao todo, a empresa detém 75 hectares de horticultura em estufa, sendo a maioria de alta tecnologia, predominando o tomate nas mais diversas tipologias e especialidades (cacho, chucha, mini, salada, Kumato e o coração-de-boi), além de pepino, pimento, courgette e feijão verde.

As certificações obtidas pela Hortipor – GlobalG.A.P., Grasp, Cadeia de Custódia, BRC, Agricultura Biológica e Resíduo Zero – respondem às exigências dos clientes, nacionais e estrangeiros, e revelam uma forma de estar na horticultura preocupada com a segurança alimentar, o ambiente e o bem-estar dos trabalhadores.

“O nosso principal pilar de sustentabilidade na produção é o controlo biológico, ter insetos auxiliares dentro da estufa para controlar as pragas é a base de tudo”, explica Rodrigo Silva, responsável técnico, recordando que há 17 anos, quando iniciou o trabalho na Hortipor, Telmo Rodrigues, o proprietário, já fazia luta biológica.Os insetos predadores e parasitóides alimentam-se das pragas-chave das culturas, encontrando abrigo em plantas refúgio semeadas nas estufas e à volta delas. “À medida que acrescentamos plantas refúgio nas estufas a biodiversidade aumenta e, muitas vezes, nem precisarmos de fazer largadas de insetos auxiliares, porque eles vão ficando de um ano para o outro”, explica.

Esta estratégia tem permitido à Hortipor prescindir do uso de inseticidas químicos de síntese, exceto para os afídeos, uma praga difícil de controlar exclusivamente através da luta biológica. “Não é impossível, mas temos que recorrer a muitos insetos auxiliares de diversas espécies para conseguir controlar os afídeos no modo de produção biológico”, esclarece.

Para debelar as pragas do solo, como os nemátodos, a Hortipor usa soluções biológicas à base de microrganismos benéficos e composto orgânico, favorecendo o equilíbrio do microbioma do solo e a sanidade das raízes das plantas.

Na prevenção das doenças, como o oídio e a podridão cinzenta, o biocontrolo é a chave para produzir de forma ecológica e sem resíduos à colheita. “O biofungicida que mais gosto de usar é o Bacillus amyloliquefaciens estirpe FZB24 (Taegro, comercializado pela Syngenta). É uma bactéria muito interessante, tem atividade preventiva, e uma das suas vantagens é a elevada concentração em Bacillus, com uma dose pequena atua de forma eficaz na cultura sem sujar os frutos”, conta Rodrigo Silva.

Na opinião do responsável técnico da Hortipor, “o produto genérico vai ter cada vez menos lugar no mercado”, sendo substituído por soluções biotécnicas mais específicasque induzem as defesas naturais das plantas, “esta bactéria para controlar aquele inseto, esta bactéria para controlar aquele fungo”.

E para que este modo de produção mais sustentável se torne a regra na horticultura portuguesa é necessária uma mudança de mentalidade dos empresários, que vai ocorrer inevitavelmente por força das exigências dos clientes e da conjuntura do mercado. “Temos quer ser cada vez mais eficientes a usar os fatores de produção, veja-se o preço a que estão os adubos, caríssimos!”, reconhece o engenheiro agrónomo. “O caminho é optar por bactérias nitrificadoras, bactérias solubilizadoras de fósforo e potássio para usarmos menos adubos… e temos que estar na linha da frente”, conclui.

O artigo foi publicado originalmente em APH.


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