A ANEFA – Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente reuniu na passada segunda feira com dezenas de Empresários Florestais, preocupados com os sucessivos Despachos e Comunicados de Alerta, emitidos pelo Governo de Portugal, que os obriga a parar a sua atividade sempre que se verificam temperaturas excessivamente elevadas. Embora se compreenda que o risco de incêndio seja elevado, é opinião da ANEFA e dos seus associados de que existem trabalhos que se podem realizar nessas condições e como tal, uma proibição deste tipo conduz à privação de um direito fundamental de todos que é o direito ao trabalho.
As empresas não conseguem estar paradas, já que o seu local de trabalho são os espaços florestais/rurais, e chegar ao final do mês e ter de liquidar os seus compromissos para com trabalhadores, fornecedores e o Estado.
Existem trabalhos, que até, dada a sua natureza, contribuem para uma diminuição da biomassa existente no local, reduzindo dessa forma o risco de incêndio (como por ex. as operações de rechega e transporte) e permitem uma monitorização das áreas em questão, evitando assim qualquer tentativa criminosa de propagação de incêndios.
Reconhecemos que existem trabalhos que não devem ser efetivamente realizados em determinadas alturas e sabemos que não é fácil monitorizar esta situação, tendo em atenção que a ocorrência destes fenómenos de natureza climática será cada vez mais frequente.
Mas este aumento da frequência traz consigo também, tendo em conta o procedimento atual, um aumento da dificuldade das empresas em conseguirem suportar financeiramente essa situação.
Por outro lado, a própria indústria começa a não ter matéria prima para laborar, já que as empresas estão impedidas de entrar na floresta para retirar os produtos florestais.
Consideram as empresas que esta atitude é um contra-senso já que se afasta das áreas florestais as pessoas que, habituadas ao seu território, que conhecem melhor do que ninguém, contribuem de alguma forma para a remoção do combustível presente nos locais e que quase sempre constituem parte da primeira intervenção. Gente formada e equipada que protege e defende a floresta sempre.
A continuação da publicação do estado de alerta, nestas condições, conduzirá certamente ao encerramento de centenas de empresas que não têm como continuar a suportar esta situação. A indiferença perante a realidade das empresas florestais neste processo é demasiado grave, sobretudo para um setor que representa 4% do PIB nacional. Este, e não os incêndios, é o estado que pode acabar com o setor florestal.