Acacia longifolia - © Elizabete Marchante

PCP de Ovar antecipa invasão de acácias nos pinhais sujeitos a abate

O PCP de Ovar criticou hoje o abate de árvores no Perímetro Florestal das Dunas desse concelho do distrito de Aveiro, alertando que o desbaste de 250 hectares vai resultar na disseminação de acácias e outras espécies invasoras.

As críticas da concelhia comunista prendem-se com o corte de pinhal-bravo a decorrer até 2026 na orla costeira do concelho, numa extensão de Esmoriz até ao Torrão do Lameiro, de acordo com um Plano de Gestão Florestal de 2016 apoiado pela autarquia e pelas quatro juntas de freguesia com frente marítima – entidades que são as principais beneficiárias da receita resultante do abate, já que 100% da verba associada à resinagem cabe à Câmara e às juntas, enquanto a da madeira reverte em 60% para os proprietárias e em 40% para o Instituto Nacional de Conservação da Natureza (ICNF).

Depois da contestação pública gerada pelo desaparecimento integral de alguns talhões no passado mês de janeiro, e que motivou uma petição com mais de 17.000 assinaturas apelando à suspensão do processo, o PCP vem agora declarar: o “repovoamento florestal natural desordenado, como tem sido prática do ICNF, em anuência com o nosso município e as nossas freguesias, acabará, inevitavelmente, com a disseminação de acácias e outras espécies invasoras, que tomarão irremediavelmente o lugar de espécies enquadradas nos ecossistemas da região”.

Defendendo que a floresta representa “um setor de importância estratégica primordial” para o país, a concelhia comunista realça que essa valência do território exige “políticas adaptadas que, manifestamente, não têm existido nas últimas décadas” e aponta também o município de Ovar como “exemplo negativo” nesse domínio.

“O PCP entende que falta, acima de tudo, vontade política e visão estratégica de sustentabilidade ambiental para inverter o atual estado de coisas”, afirma.

A mesma estrutura política compromete-se a “questionar as entidades responsáveis e o Governo sobre esta questão concreta” e lamenta que a floresta, “longe de contribuir como poderia e deveria para o desenvolvimento do país”, esteja, isso sim, a ser sujeita “ao recuo da sua área e à degradação sistemática da mesma”.

“Em vez de uma floresta estruturada e sustentável, que responda aos interesses do povo e do país, temos atualmente práticas, por um lado, de proliferação da plantação de eucalipto e, por outro, de disseminação descontrolada de espécies invasoras, que tomam conta de áreas onde, outrora, existiram florestas devidamente ordenadas”, conclui o PCP.


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