Os sindicatos ligados ao setor agrícola franceses vão intensificar esta terça-feira os seus protestos contra o acordo UE-Mercosul com bloqueios de eixos estratégicos, como a autoestrada na fronteira franco-espanhola que atravessa a Catalunha, ou vários centros logísticos.

A Coordenação Rural (CR) planeia bloquear a A9 na portagem de Le Boulou a partir das 12h00 hora local (11h00 em Lisboa) com a presença de várias centenas de agricultores e tratores.

“As nossas ações vão ser endurecidas porque é uma questão de sobrevivência”, explicou a presidente da Coordenação Rural, Véronique Le Floc’h, numa entrevista ao canal BFMTV na qual justificou as palavras de um dos dirigentes do seu sindicato que tinha dito que estava disposto a “deixar com fome” a cidade de Toulouse com os bloqueios dos centros logísticos.

“Se isto durar, pode acontecer”, disse.

A Federação Nacional dos Sindicatos dos Operadores Agrícolas (FNSEA), juntamente com os seus parceiros dos Jovens Agricultores (JJAA) exigiram na segunda-feira a organização de 85 ações em toda a França, essencialmente comícios em frente a edifícios públicos como câmaras municipais.

Esta terça-feira, a porta-voz do Governo, Maud Bregeon, disse que a França continuará a “manter um impasse enquanto for necessário” com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, contra o tratado de comércio livre UE-Mercosul.

Questionada pelo canal francês TF1, desejou ainda, “a nível pessoal”, que “possa haver um debate na Assembleia Nacional seguido de votação”, para “reforçar a posição que é a do presidente e a do primeiro-ministro.

Na opinião de Bregeon, o acordo com os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia), defendido por vários grandes países da União Europeia, como a Alemanha ou a Espanha, “constitui uma concorrência desleal absolutamente inaceitável para os nossos criadores, porque não é ecologicamente coerente e, em particular, no que diz respeito ao Acordo de Paris”.

Do Brasil, onde participa na cimeira do G20, o Presidente francês, Emmanuel Macron, reiterou na segunda-feira que pretende continuar a opor-se ao acordo UE-Mercosul como tem feito desde o início.

Macron insistiu ainda que a França não está isolada na sua resistência ao tratado, referindo-se ao seu trabalho para formar uma coligação que permita o veto.

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