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2021: Mais desastres naturais e com custos históricos em paises como Canadá e Alemanha

Eventos climáticos extremos são a “nova norma”, diz a Organização Meteorológica Mundial (OMM), e, em 2021, as maiores cheias desde 1985 na Alemanha, recordes de calor no Canadá e de frio nos Estados Unidos, causando milhares de mortes, comprovam-no.

Na verdade, a OMM constatou que tais episódios aumentaram cinco vezes nos últimos 50 anos.

Em 2020, a perda económica devido a desastres naturais em todo o mundo ascendeu a cerca de 268 mil milhões de dólares americanos (cerca de 238,3 mil milhões de euros), segundo a plataforma Statista, que reúne dados de 170 setores de atividade e mais de 150 países.

As contas de 2021 estão por fazer, mas as autoridades do Canadá admitem que a destruição pelos incêndios do verão e as chuvas torrenciais recentes podem ser o desastre natural mais dispendioso da história do país e a Associação Alemã de Seguros diz que este será provavelmente o ano com mais perdas decorrentes de desastres naturais na Alemanha, tendo as seguradoras já registado cerca de 11,5 mil milhões de euros em custos.

Estes são alguns dos desastres naturais mais significativos quanto a perdas humanas, como 1.941 mortos causados por um sismo no Haiti, 800 mortos no Canadá e pelo menos 600 nos Estados Unidos. Mas referem-se também outros que mostram a globalidade destes acontecimentos.

JANEIRO

A tempestade tropical Eloise na África Austral causou pelo menos 21 mortes (12 em Moçambique, três no Zimbabué, quatro em Essuatíni (antiga Suazilândia), dois na África do Sul e um em Madagáscar), com mais de 314.000 pessoas afetadas em Moçambique pelo mau tempo.

Noutro hemisfério, uns dias antes, o centro de Espanha, principalmente a capital, Madrid, sofreu a passagem da tempestade de neve “Filomena” considerada “histórica” e que causou três mortes. Foram 36 horas do pior nevão em quase 50 anos e um período de frio no interior do país que ultrapassou os -10 graus centígrados.

FEVEREIRO

O estado norte-americano do Texas, normalmente ameno, passou uma semana com temperaturas abaixo de zero, quando uma frente fria atingiu a América do Norte. As centrais elétricas, não preparadas para tais temperaturas, falharam e os postos de abastecimento de gás natural congelaram.

Mais de 200 pessoas morreram devido ao frio, mas também ao envenenamento por monóxido de carbono, já que deixavam os carros ligados na garagem para tentar aquecer as casas, e a acidentes de viação nas estradas geladas.

Na Índia, pelo menos 26 pessoas morreram e cerca de 170 foram dadas como desaparecidas após a derrocada de um glaciar nos Himalaias que provocou uma avalanche de água e lama e devastou o vale do rio Dhauliganga.

ABRIL

Mais de 150 pessoas morreram quando o ciclone Seroja atingiu a Indonésia e Timor-Leste (pelo menos 21 mortos), provocando inundações e deslizamentos de terra que bloquearam estradas e transformaram pequenas comunidades em lagos de lama.

Dezenas de pessoas desapareceram e milhares ficaram sem abrigo por causa do ciclone e cerca de 10.000 fugiram para abrigos nos países vizinhos do sudeste asiático.

A 19 de abril foi em Angola que chuvas torrenciais provocaram o caos e deixaram 14 mortos e mais de 8.000 pessoas desalojadas na região de Luanda.

MAIO

Inundações repentinas em dois dias consecutivos no Afeganistão deixaram pelo menos 46 mortos e 15 desaparecidos.

Centenas de famílias foram deslocadas já que cerca de 1.000 casas foram danificadas ou destruídas e a chuva intensa também causou danos aos agricultores, uma vez que cerca de 1.620 hectares de plantações foram destruídos e milhares de animais morreram.

Na Índia, o ciclone Tauktae com ventos e chuvas fortes provocou pelo menos 21 mortos e 96 desaparecidos. Quase 300 mil pessoas tiveram de ser deslocadas.

JUNHO

As temperaturas atingiram um recorde de 49,6 graus Celsius no Canadá no final de junho.

Cinco dias de ondas de calor causaram mais de 800 mortes naquele país e algumas estimativas apontam para que cerca de 600 tenham perdido a vida nos vizinhos Estados Unidos.

Vários incêndios florestais ocorreram no continente americano neste verão. O incêndio “dixie”, que começou a 13 de julho no norte da Califórnia foi o segundo maior da história do estado. Quase um milhão de hectares queimados.

As mesmas zonas do Canadá destruídas pelos incêndios no verão foram inundadas por fortes chuvas em outubro. Tudo conjugado, as autoridades alertam que este pode ser o desastre natural mais dispendioso da história do Canadá.

JULHO

Nuvens de chuva paralisadas sobre a Alemanha em julho causaram inundações que mataram 180 pessoas. Condições semelhantes provocaram mais de 41 mortes na Bélgica e milhares de milhões de dólares de danos em toda a Europa.

Os cientistas acreditam que a inundação mais mortífera da Europa desde 1985 foi até nove vezes mais provável devido às alterações climáticas.

Enquanto as águas inundavam as zonas mais baixas de cidades na Alemanha e na Bélgica, temperaturas recorde de mais de 45 graus celsius atiçavam incêndios florestais em países do sul da Europa, como Espanha, Itália, Grécia e Turquia – onde foram reportadas oito vítimas mortais. Os incêndios também deflagraram na Sibéria e na Rússia, com o fumo a chegar ao Polo Norte.

AGOSTO

Um sismo de magnitude 7,2 na escala de Richter abalou o Haiti, fazendo pelo menos 1.941 mortos e 9.900 feridos.

No país ainda a recuperar do sismo de 2010, que destruiu a capital e causou a morte a dezenas de milhares de pessoas, este novo terramoto deixou mais de 60.000 casas destruídas.

Na Turquia, cheias atingiram regiões do Norte provocando a morte de pelo menos 70 pessoas. Dezenas foram dadas como desaparecidos.

O furacão Ida atingiu a costa leste dos EUA com chuvas recordes e matou pelo menos 45 pessoas nas regiões do Maryland até Nova Iorque.

Esta foi a tempestade mais destrutiva da movimentada temporada de furacões no Atlântico em 2021, que terminou em 30 de novembro.

OUTUBRO

Cerca de 200 pessoas morreram devido a inundações e deslizamentos de terra em vários dias de chuvas na Índia (102) e no Nepal (88).

No Sudão do Sul, pelo menos 100 pessoas morreram entre julho e outubro nas inundações provocadas por chuvas torrenciais, as piores em décadas, segundo a ONU.

DEZEMBRO

Pelo menos 43 pessoas morreram e duas dúzias de outras foram dadas como desaparecidas, na sequência da erupção do Semeru, o maior vulcão da ilha indonésia de Java.

Cerca de 5.200 pessoas foram afetadas pela erupção do Semeru, tendo mais de 1.700 sido retiradas para centros de acolhimento.

As fortes chuvas e a atividade do vulcão dificultaram o trabalho das equipas de resgate que procuraram durante dias sobreviventes nas 11 povoações da região.


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