As mudanças nos hábitos alimentares, a necessidade de reduzir a pegada de carbono da produção de alimentos, as disputas comerciais entre Estados, o aumento dos salários e o reduzido poder das empresas na fixação de preços são os cinco desafios-chave do setor agroalimentar identificados pela Euler Hermes, acionista da COSEC.
De acordo com o estudo “Agrifood: New risks looming ahead”, divulgado, recentemente, embora, à primeira vista, o setor apresente um bom desempenho, desde 2017 registam-se 30 grandes insolvências todos os anos a nível global. E se em 2018 as vendas totais destas empresas insolventes eram de 5,9 mil milhões de euros, em 2019 disparou mais de 12 mil milhões de euros para os 18 mil milhões de euros.
A acrescer a isto, os economistas da COSEC, empresa que opera em Portugal nos ramos do seguro de créditos e caução, estimam que as margens operacionais da indústria agroalimentar continuem a deteriorar-se (abaixo de +9% em 2020 em comparação com +10,2% em 2018), e que os custos aumentem +1,4 pontos percentuais, para 21,8% em 2020, face a 20,4% em 2015, crescendo mais depressa do que os proveitos.
Dos novos hábitos de consumo ao reduzido poder das empresas
A análise complementa estes dados identificando cinco desafios que se colocam às empresas do setor agroalimentar, que em Portugal representa mais de 12% das exportações nacionais.
Em primeiro lugar, as mudanças nos hábitos alimentares e a evolução da consciência ambiental, sobretudo no Ocidente. Com uma procura cada vez maior por alimentos saudáveis e com menor pegada ambiental, os fabricantes veem-se obrigados a investir significativamente na sua oferta.
A par destes dois desafios, a indústria agroalimentar tem de gerir um número crescente de intervenções nas políticas comerciais dos Estados. Das cerca de 6 mil novas medidas implementadas desde 2009, apenas 40% facilitaram ou liberalizaram o comércio. Este contexto tem obrigado as empresas a diversificar os canais de fornecimento, suportando maiores custos logísticos.
O estudo destaca ainda como desafios-chave a evolução do valor dos salários – (2,3% na zona Euro e 3% nos EUA), que representam 11% de todos os custos de operação no setor agroalimentar – e o reduzido poder destas empresas na fixação de preços, o que as impede de transferirem para o consumidor alguns dos custos que vêm, progressivamente, pressionando os seus lucros.