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6º Inventário Florestal Nacional – IFN6

[Fonte: ICNF] Está concluído o 6º Inventário Florestal Nacional (IFN6), uma peça fundamental para a implementação da Reforma da Floresta iniciada em 2016. Os trabalhos de fotointerpretação terminaram de final de 2018, contudo os dados finais só foram entregues neste mês. Na realização do IFN6 estiveram envolvidas 6 empresas na recolha de dados, sob coordenação do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que foi responsável por toda a conceção do IFN6, pela preparação dos cadernos de encargos, desenvolvimento de manuais, formação dos técnicos contratados, gestão de projeto, desenvolvimento do sistema de informação e processamento de dados.

Executado dentro do prazo anunciado pelo Governo, o IFN6 vai agora permitir a atualização dos Programas Regionais de Ordenamento Florestal (PROF), que já estão em vigor, adaptando-os aos novos dados, uma estratégia que permitiu ao país avançar com a implementação da Reforma da Floresta.

Uma primeira análise dos dados recolhidos permite desde já concluir que:

  • A maior área de floresta (1 063 000 ha) é coberta por montado (sobreiro e azinheira) 
  • A área de eucalipto (844 000 ha) cresceu abaixo das estimativas 
  • A área de pinheiro bravo (714 000 ha) diminuiu 
  • A área de pinheiro manso (193 000 ha) aumentou  

Além destas conclusões, salienta-se que:

  • Os espaços florestais (floresta, matos e terrenos improdutivos) ocupam 6,1 milhões de hectares (69%) do território nacional continental.
  • A floresta, que inclui terrenos arborizados e temporariamente desarborizados (superfícies cortadas, ardidas e em regeneração), é o principal uso do solo nacional (36%).  
  • A tendência de diminuição da área de floresta, que se verificava desde 1995, inverteu-se, registando-se com este inventário um aumento de 59 mil ha (1,9%) face a 2010 (data da última avaliação).
  • Os matos e pastagens representam a segunda categoria mais expressiva de uso do solo (31%), registando um crescimento contínuo da área ocupada desde 1995.
  • A floresta nacional é maioritariamente constituída por espécies florestais autóctones (72%).
  • Os “montados”, sobreirais e azinhais são a principal ocupação florestal, com mais de 1 milhão de hectares de superfície, representando um 1/3 da floresta. São ecossistemas florestais de uso múltiplo, que têm na produção de cortiça a sua principal função. 
  • Os pinhais são a segunda formação florestal, ocupando uma área superior a 900 mil ha. Apesar do crescimento da área de pinheiro manso, regista-se um decréscimo da área ocupada pelo pinheiro bravo. Em termos globais, mantem-se a tendência de redução da área ocupada com pinho, que vem desde 1995, embora o ritmo da redução esteja a abrandar, revelando a capacidade de resiliência destas árvores às perturbações, como é o caso das pragas que afetam os pinhais.  
  • Os eucaliptais ocupam 844 mil hectares, área inferior à que tem sido estimada e que representa cerca de 26% da floresta continental. Os dados recolhidos revelam um incremento sistemático da área ocupada ao longo dos últimos 50 anos.
  • As folhosas caducifólias (carvalhos, castanheiros e outras) registam um aumento sistemático de área ocupada ao longo dos últimos 20 anos, sendo o crescimento dessa área mais significativo no período entre os dois últimos inventários (2005 e 2015), apesar de constituírem a formação florestal menos representativa em área ocupada.
  • Em termos estruturais, funcionais e paisagísticos, a floresta do continente está organizada em quatro grandes grupos, ou formações florestais: pinhais (constituídos por povoamentos de pinheiro-bravo e pinheiro-manso); folhosas perenifólias (“montados”, sobreirais e azinhais); folhosas caducifólias (carvalhos, castanheiros e outras); e as folhosas silvo-industriais (eucaliptais). 
  • Em todos os pontos de amostragem no terreno procedeu-se à identificação das espécies exóticas ou invasoras (de acordo com a classificação do Decreto-Lei n.º 565/99), tendo-se confirmado a presença destas espécies pelo território continental de forma generalizada, apesar de as situações de presença maciça (grupos de plantas ou extensão por toda a superfície) sejam significativamente raras. As acácias e háqueas, canas e chorão-das-praias são as espécies mais detetadas. 
  • No âmbito do IFN6 procedeu-se ainda a uma identificação dos habitats e do seu estado de conservação em cada um dos 12 000 pontos de amostragem realizados no terreno. Da sua análise verifica-se que cerca de 20 % dos espaços florestais e 25% de matos/pastagens naturais são classificados como habitat e que a ocorrência destes se estende para além dos terrenos classificados com estatuto de conservação. 
  • Na floresta, os habitats mais representados são os que resultam das florestas de quercíneas: os montados de quercíneas (habitat 6 310), os sobreirais (habitat 9 330), os carvalhais (habitat 9 230) e os azinhais (habitat 9 340). Nos matos, a maior representatividade é a dos matos baixos de tojais e urzais (habitat 4 030) e a dos matos altos evoluídos de piornos, medronheiro, carrasco ou carvalhiça (habitat 5 330). 
  • Ao nível da biomassa lenhosa e do carbono armazenado nas árvores vivas em espaços florestais, verifica-se um aumento em ambos os valores, resultado da alteração da composição específica da floresta, e parcialmente da melhoria dos métodos de avaliação. 

Lisboa, 28 de junho de 2019

Os resultados apresentados correspondentes ao 6.º IFN, designado por IFN6. Este Inventário tem 2015 como ano de referência, correspondendo este ao ano em que foi realizada a cobertura nacional aerofotográfica digital que serve de base à avaliação do uso/ocupação do solo, e em que foi efetuado o trabalho de medição e avaliação da vegetação no terreno.

IFN6 – Relatório Sumário

O relatório final do IFN6 será disponibilizado em outubro de 2019.

Nota: o 6.º Inventário Florestal Nacional foi cofinanciado pelo Fundo Português de Carbono. 


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