Foi durante o evento Bühler Networking Days 2019, que decorreu na Suíça, que o Chief Technology Officer (CTO) da Nestlé, Stefan Palzer, falou daquelas que acredita que serão as tendências globais que mais irão moldar o futuro da alimentação. De acordo com o especialista, tendências de consumo como o veganismo e as preocupações ambientais são desafiantes para a agroindústria, contudo, podem ser uma oportunidade para o desenvolvimento de novas categorias de produto.
“Temos de continuar a renovar os nossos produtos com base nas necessidades da sociedade”, defendeu durante o seu discurso. Segundo a publicação Food Navigator, Stefan Palzer acredita que o futuro da alimentação será marcado, sobretudo, por sete grandes tendências. Saiba quais.
Nutrição de base vegetal
“Vimos, ao longo dos últimos anos, mudanças na forma como os consumidores percecionam o valor da comida. Existe uma explosão de diferentes padrões de dietas alimentares. Provavelmente, atualmente, muitos de vós têm um vegetariano ou um vegan na família: eu tenho três. Sou o único carnívoro na família. Isto está a causar muitas mudanças, mas também muitas oportunidades na área alimentar”, explicou Stefan Palzer. “Estamos a observar mudanças dramáticas no negócio. Vemos fragmentação e muitas startups. A comida está a tornar-se cool. Vemos isso nos blogs e na TV. A comida é um tema muito atrativo”, acrescentou.
A comida tem de ser ‘instagramável’
Com o contínuo crescimento das redes sociais, a forma como a comida é vendida e promovida também está a mudar, explicou. É preciso mais novidades e maior diversidade.
“Isto está a ser impulsionado pelas redes sociais. Há muitos bloggers e influencers que todos os dias partilham produtos atrativos. Aqui, a arquitetura e a cor dos produtos têm um papel crucial porque não é possível partilhar o aroma e o sabor através das redes sociais. Por isso, tem de ter um aspeto cool. (…) [A comida] precisa de ‘instagramabilidade’”, explicou ainda.
Inovação e variedade são mais importantes que nunca
Estas tendências estão a obrigar a indústria alimentar a inovar e a alargar a sua gama de produtos. “Um dos segmentos que está a crescer mais rápido é o da ‘carne vegan’, com as marcas a tentarem desenvolver produtos que mimetizem a carne em termos de textura, cor, sabor e aparência”, diz.
Esse é, aliás, um segmento no qual a Nestlé já está a apostar, com uma gama de hambúrgueres de base vegetal. “Usamos beterraba para dar a cor, que durante o processo de confeção se torna castanha. O produto tem pouco colesterol e muito pouca gordura, por isso, tentamos encontrar um perfil nutricional melhor e as emissões de gases com efeito de estufa são reduzidas em cerca de 90% comparativamente a um bife”, revelou ainda Stefan Palzer. Além disso, o CTO da Nestlé explica que os produtos ‘autênticos’ estão a gerar muito interesse no mercado, assim como novidades como as pizzas sem farinha de trigo, substitutos dos lacticínios, águas alcalinas e inovações como o ‘nitro-coffee’, uma espécie de fusão entre o café e a cerveja.
Plásticos biodegradáveis
Stefan Palzer mostrou-se ainda otimista em relação ao combate contra a poluição causada pelo plástico. “O desperdício de plástico é um problema enorme. E temos diversas soluções. Tentamos evitar os plásticos, fazemos com que seja mais fácil reciclá-los e temos trabalhado em embalagens de papel. Contudo, não é fácil oferecer a mesma proteção que tem uma embalagem de plástico com uma embalagem de papel. O plástico existe por uma razão – para proteger o produto. Temos alguns desenvolvimentos, nomeadamente uma camada que reveste o papel com um material biodegradável. Isto é novo e tenho esperança de que seja uma boa solução”, revelou ainda.
Reduzir a pegada de carbono
O CTO da Nestlé aproveitou ainda para falar do futuro da alimentação quando as previsões apontam para que a população mundial atinja quase os 11 mil milhões de pessoas já em 2050. “As emissões de gases com efeito de estufa são um problema enorme” que, de acordo com Stefan Palzer, os consumidores esperam que seja resolvido pela indústria, reduzindo o seu impacto no problema. “É um requisito fundamental para qualquer produto alimentar que esteja no mercado”, avisou.
Colaboração é crucial
Com o Nestlé Accelerator, em Lausanne, na Suíça, a inaugurar no final deste ano, a empresa espera colocar lado a lado cientistas, estudantes e startups para colaborarem no desenvolvimento de inovações para a indústria alimentar. Uma aposta que, segundo o CTO da Nestlé, permitirá criar respostas eficazes para o futuro da alimentação.
A importância da alimentação para a saúde do consumidor
Um dos maiores desafios da indústria será a oferta de soluções saudáveis e acessíveis a todos os consumidores. Stefan Plazer defende que “como indústria temos de fazer muito mais a este nível.” De acordo com o CTO da Nestlé, estas novas tendências trazem novas ameaças e “existe o risco de as pessoas desenvolverem deficiências em determinados nutrientes. A prevalência de deficiências de vitamina B12 e de ferro entre as pessoas vegan é muito elevada. Temos de estar atentos a isto”, disse ainda.