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A startup WoodChat, da empresária Fernanda Onofre, 29 anos, do Acre, usa inteligência artificial para controle do desmatamento na Amazônia. A empresa foi um dos destaques do Web Summit realizado em Lisboa, ao demonstrar que a plataforma permite reconhecer a madeira certificada e distinguir da contrabandeada por desmatadores, o que pode ter aplicação na comercialização de produtos da floresta amazônica.
De acordo com Fernanda, o reconhecimento da madeira ilegal é feito após a árvore ser serrada para comercialização, com a análise do seu corte transversal. “Sendo assim, a fiscalização, através de análise do DNA da espécie, por meio da inteligência artificial, identifica e separa a madeira legal, que é certificada, das que descumprem a legislação”, descreve.
O procedimento detalha o DNA da árvore e identifica as árvores cortadas ilegalmente. Por esta técnica, a startup considera que é possível saber qual a espécie analisada, qual a origem geográfica e possibilita esclarecer o nome botânico e outros detalhes com precisão. A empresa identifica, assim, atividades ilegais de madeireiras clandestinas e irregulares. “A partir do momento que é feito o reconhecimento, diminui a porcentagem de exploração não autorizada na floresta amazônica”, exemplifica.
Fernanda esclarece ainda que, para que a madeira seja comercializada, é indispensável a emissão de Documento de Origem Florestal, o DOF. “A inexistência deste é um impeditivo para o comércio. Aí entra a aplicação da tecnologia da empresa”, diz.
Madeireiras
A eempresa já desenvolve suas atividades, tendo sido contratada por duas madeireiras do Acre, com as quais coletou informações para formação da base de dados, indispensável para a identificação e controle no abate de árvores. Conforme a empresária, a inteligência artificial desenvolvida pela Wood Chat é capaz de reconhecer quais os tipos de madeira que estão sendo vendidas pelas madeireiras e, assim, ajudá-las a trabalhar dentro da lei.
Fernanda explica que a floresta possui cerca de 300 espécies de árvores, sendo que, ao catalogar 150 espécies comerciais na base de dados, consegue certificar a madeira brasileira para introdução no mercado europeu e mundial. “Até 2027, a gente quer estar na Europa. Nós queremos que as empresas europeias, quando se interessarem em comprar a madeira do Brasil, possuam a certificação que identifique que aquela madeira é de origem legal”, afirma.
A empresária veio a Portugal para estabelecer conexões e, pelo que ouviu de vários empresários, está no caminho certo: “A Europa precisa dessa tecnologia!”, garante, explicando que a falsificação de documentos para a exportação de madeira do Brasil para a Europa e outros países é um problema que tem que ser resolvido.
Fernanda acrescentou que o objetivo é ajudar o Brasil na batalha contra o desmatamento e manter a floresta em pé, com sustentabilidade. Ela finaliza, não esquecendo que é possível trabalhar comercialmente a floresta. “Mas que seja um negócio legal e que contribua para a redução das alterações climáticas”, concluiu.