Em 2023, o Perímetro de Rega do Mira (PRM) gerou um impacto de 502 milhões de euros em Valor Acrescentado Bruto (VAB) e mais de 130 milhões de euros em receitas fiscais, é a conclusão do relatório “O impacto económico dos pequenos frutos e da agricultura no Perímetro de Rega do Mira”, da Lusomorango – Organização de Produtores e da EY-Parthenon.
Impacto económico
O estudo, que analisou o contributo económico e social da agricultura no PRM, localizado na região de Odemira e Aljezur, verificou também que, entre 2019 e 2023, o Perímetro gerou um impacto médio anual de 422 milhões de euros em VAB, dos quais 254 milhões, mais de 50%, ocorreram em Odemira.
 
O impacto indireto e induzido da cadeia de fornecedores e do consumo viabilizado do PRM, em todo o país e durante o ano de 2023, mostra que as atividades imobiliárias (incluindo rendas) lideram com 46,8 milhões de euros, seguidas do comércio (38.5 milhões de euros), do fabrico de produtos químicos (18,6 milhões de euros), dos serviços financeiros (12,7 milhões de euros), dos transportes (12,2 milhões de euros), dos serviços de água, energia e resíduos (11,7 milhões de euros) e da restauração (11,5 milhões de euros).
Já em Odemira, e para o mesmo período, os dados do relatório mostraram que estes valores, somam 22,3 milhões de euros nas atividades imobiliárias, 13,3 milhões de euros no comércio, 17,8 milhões de euros no fabrico de produtos químicos, 2,3 milhões de euros nos serviços financeiros, 3,3 milhões de euros nos transportes, 1,2 milhões de euros nos serviços de água, energia e resíduos e 4,8 milhões de euros na restauração.
 
Emprego
De acordo com a análise, entre 2029 e 2023, a atividade agrícola no PRM viabilizou, direta e indiretamente, uma média anual de 15.228 postos de trabalho, 76% dos quais (11.586) localizados em Odemira, “contribuindo para o rejuvenescimento e fixação de populações no território”.
Em 2023, o PRM viabilizou 16.513 empregos, 75% dos quais localizados em Odemira, o que corresponde a 55% do pessoal ao serviço nas empresas do concelho neste ano.
 
Produção eficiente e sustentável
Entre 2019 e 2023, e graças aos investimentos realizados pelos produtores agrícolas, o volume de água fornecido para a agricultura diminuiu 72%, evidenciando um modelo de produção mais sustentável, sublinha o relatório.
Os pequenos frutos, que representam a maioria das culturas mais produtivas por hectare e por metro cúbico de água utilizada no PRM, consolidam a posição da região como um centro de excelência na produção hortofrutícola. Em específico sobre os pequenos frutos, em 2023, Portugal destacou-se como um dos maiores exportadores de framboesa e amora, representando 10,5% das exportações mundiais desses frutos.
 
Contribuição fiscal
No que toca à contribuição fiscal, ao longo dos cinco anos analisados, a atividade no PRM assegurou uma média anual de 116 milhões de euros em receita fiscal, com destaque para as contribuições via Taxa Social Única (TSU) e impostos sobre o rendimento. Em 2023, a receita fiscal total associada ao PRM atingiu os 134 milhões de euros.
“O PRM encontra-se em situação de contingência hídrica, possuindo um potencial inexplorado que, segundo a consultora, permitiria triplicar o seu impacto económico e social”, explica o comunicado de imprensa enviado às redações sobre as conclusões do estudo.
Neste sentido, se não existissem limitações no fornecimento de água à agricultura e com o aproveitamento total da área inscrita pelos agricultores, o PRM, teria gerado em 2023 um impacto direto e indireto de 742 milhões de euros em VAB e mais de 190 milhões de euros em receitas fiscais, viabilizando 24.400 postos de trabalho.
“Para tal, será necessário investir em soluções estruturais e no fortalecimento das infraestruturas de rega, assim como em novas fontes de água – como a apresentada pelo Movimento ‘Água ao Serviço de Futuro’ que defende a interligação Alqueva-Santa Clara-Odelouca que permitirá reforçar o abastecimento do Sudoeste alentejano e do Algarve com base em caudais derivados do sistema de Alqueva – garantindo a sustentabilidade da atividade agrícola e o desenvolvimento da região”, salienta o estudo.
O relatório foi apresentado esta terça-feira, dia 14 de janeiro, na sede da EY, em Lisboa, e contou com a presença de Miguel Farinha, Country Manager EY Portugal, Loïc de Oliveira, Presidente da Lusomorango, Sandra Primitivo, Executive Director EY-Parthenon e Rui Faustino, Senior Manager EY-Parthenon (responsáveis pelo estudo), Luís Mesquita Dias, Presidente da AHSA – Associação dos Horticultores, Fruticultores e
Floricultores dos Concelhos de Odemira e Aljezur, Sofia Horgan, Administradora da Beira Baga.
A encerrar a sessão estiveram Álvaro Mendonça e Moura, Presidente da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal e José Manuel Fernandes, Ministro da Agricultura e Pescas.
O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.