Investigador defende que populações devem estar preparadas enfrentar fogo

estes grandes eventos, nos incêndios extremos, eles estão sozinhos porque não pode haver uma corporação de bombeiros, uma viatura, junto de cada casa e as pessoas têm de estar preparadas para o que têm de fazer para enfrentar o fogo”, frisou.

Segundo o diretor do Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra, que falava hoje na conferência “Desafio da gestão dos Incêndios Rurais na Área Metropolitana de Lisboa”, a decorrer no Seixal, no distrito de Setúbal, não é possível erradicar o risco de incêndio.

“Este é um problema que não tem solução e vai permanecer entre nós. Por muito que façamos, não vamos conseguir erradicar o risco de incêndio florestal”, disse.

A conferência intermunicipal, organizada pela Câmara Municipal do Seixal, tem como propósito apresentar e discutir ideias sobre os desafios que a implementação do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais (SGIFR) enfrenta no meio urbano.

O SGIFR foi estabelecido em 2021, substituindo o antigo Sistema Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios, e tem como objetivo criar um sistema dinâmico e transversal na promoção do ordenamento do território rural e na gestão das ocorrências de incêndios rurais.

Através da interação entre as várias entidades intervenientes, o SGIFR visa reduzir o número de ocorrências, reforçando a área da prevenção e, simultaneamente, manter uma resposta eficaz no combate aos incêndios rurais.

Domingos Xavier Viegas acrescentou que é necessário a sociedade preparar-se para aceitar “um certo nível de risco, viver com ele e, na medida do possível, reduzir esse risco”.

“Embora não possamos erradicar o risco, podemos mitigá-lo, reduzir os impactos e adaptar-nos para enfrentar os desafios futuros”, frisou, adiantando que são vários os fatores que contribuem para o agravamento, alguns de natureza física ou natural, outros decorrentes da atividade humana.

Para o especialista em incêndios florestais, “é muito importante conhecer este problema” se se quer mitigá-lo, salientando que é isso que a ciência tem feito.

Os incêndios, adiantou, estão a tornar-se cada vez mais graves e intensos, ao ponto de se falar em tempestades de fogo, incêndios extremos ou mega incêndios, termos que entraram no léxico nos últimos anos.

“Importa conhecer melhor estas tempestades de fogo e ver aquelas que podem causar maior preocupação, para evitar que haja danos nas pessoas, no ambiente e na atividade socioeconómica”, disse.

O investigador lembrou os eventos na Califórnia, referindo que ocorreram em zonas de vegetação com as casas a alimentar os incêndios, e fez ainda referência ao território do Seixal, onde, em setembro, um incêndio destruiu 230 hectares de mato, esteve próximo de habitações e alastrou ao município de Sesimbra.

“Aqui onde estamos, no Seixal, encontramos casas, vegetação, espaços florestais por todo o lado e qualquer incêndio de pequena, média ou grande dimensão põe em risco casas e pessoas. Portanto, não podemos dissociar estes dois problemas no caso dos nossos incêndios florestais”, disse.

Sobre a gestão integrada do risco de incêndio o especialista destacou a importância desta abordagem, que consiste na colaboração entre várias entidades.

Apesar das dificuldades, Domingos Xavier Viegas defende que as pessoas não podem desanimar, trabalhando em conjunto, de uma forma integrada e organizada, reconhecendo o papel da ciência, a par do conhecimento resultante da experiência, trabalhar com as comunidades e preparar os cidadãos para enfrentar o problema.

Na sessão de abertura da conferência, que reúne autarcas, técnicos e especialistas na área, de modo a possibilitar uma maior capacidade de resposta ao problema dos incêndios, o presidente da Câmara Municipal do Seixal, Paulo Silva, destacou a interação entre vários agentes da comunidade, incluindo empresas da região, no combate ao incêndio registado em setembro.

“Foi com o empenho de todos que no concelho do Seixal as pessoas e habitações não sofreram danos, havendo a lamentar a área de floresta ardida”, disse adiantando estar já em curso a reflorestação da zona com o apoio da população.

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