Uma condenação da História: Portugal está importar 80% dos cereais que consome

Há séculos que Portugal se preocupa com a incapacidade de produzir cereais em quantidade suficiente para alimentar a sua população. Nos últimos tempos, a guerra na Ucrânia ou a confusão das tarifas da administração Trump voltaram a colocar na ordem do dia o que Álvaro Mendonça e Moura, presidente da CAP, define como um problema de soberania nacional. É que nos dias que correm, a agricultura portuguesa só consegue produzir entre 18 a 20% do trigo, milho, centeio, arroz ou cevada que o país consome. Nos primeiros anos da integração europeia, Portugal produzia metade dos cereais que consumia.

Não admira que, no espaço de poucos anos, dois governos, do PS e agora da AD tenham mobilizado recursos e os agricultores para acudir a este problema grave. Primeiro, uma estratégia nacional para os cereais apontava para que, em 2023, o país fosse capaz de produzir 39% do que consome: foi um fiasco total. Agora, a nova estratégia deste Governo, a +Cereais, não aponta para metas, mas identifica recursos e estabelece prioridades políticas para aumentar a produção.

Portugal é dos países do mundo que mais depende do exterior para garantir o produto essencial da alimentação humana, o pão. A integração europeia aliviou a angústia que ao longo dos séculos determinou a expansão colonial e marcou profundamente a História de Portugal: com o trigo francês aqui ao lado, não havia razões para preocupação. Porque, de resto, se Portugal não tem condições naturais para os cereais, há produtores de milho que estão na vanguarda mundial da inovação ou da produtividade; se gasta mais de 1,2 mil milhões de euros na compra de grãos, exporta um valor equivalente em azeite ou vinho e 2,5 mil milhões em frutas e legumes.

Haverá, então, razões para tanta preocupação? Faz sentido incluir a dependência de cereais do exterior nas ameaças à segurança e soberania nacional? Como aumentar a produção quando solos bons como os barros de Beja estão plantados com olival e o que sobra são terras pobres e sem acesso a água?

Perguntas para uma conversa com Eduardo Diniz, que é agrónomo e é o líder do Gabinete de Prospectiva e Planeamento do Ministério da Agricultura, uma espécie de centro de estudos e de decisão estratégica da política agrícola nacional.

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