Conheça a aldeia do Algarve com casas circulares de origem pré-histórica e um património que resiste ao tempo

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Nem só de praias vive o Algarve. A região mais a sul do país esconde no interior uma série de aldeias com encanto próprio, tradições seculares e paisagens que surpreendem. É o caso de desta aldeia, uma pequena localidade no sotavento da região algarvia, a primeira do distrito a ser considerada Aldeia de Portugal, onde a história, a cultura serrana e a arquitetura pré-histórica se cruzam num cenário inesperado.

Uma aldeia do Algarve que mantém viva a alma da serra

Cachopo situa-se em plena serra algarvia e é uma aldeia onde o tempo parece ter outro ritmo. O contacto com a natureza, a arquitetura rústica e o modo de vida tradicional fazem desta localidade um destino rural cada vez mais procurado por quem deseja desligar da confusão urbana.

As casas de xisto caiadas de branco, com barras coloridas em redor de portas e janelas, e as típicas chaminés rendilhadas são marcas distintivas da paisagem construída. O ambiente sereno e o acolhimento da população reforçam o sentimento de pertença a algo genuinamente português, refere o NCultura.

Património que resiste no tempo: as casas circulares

A história de Cachopo está presente em vários pontos. Uma das atrações mais invulgares desta aldeia do Algarve são as chamadas casas circulares, também conhecidas por palheiros. Estas estruturas de origem pré-histórica serviam para armazenar alimentos para animais e são construídas em pedra, com telhados de colmo ou junco.

Para quem quiser visitar estas construções, o caminho passa pelos vales do João Farto e da Navalha. A visita é uma verdadeira ‘viagem ao passado’ e revela técnicas de construção milenares que ainda hoje fascinam os estudiosos, refere a mesma fonte.

Antas e vestígios do neolítico

Cachopo é também palco de importantes achados arqueológicos. Na zona do monte da Mealha encontra-se a Anta das Pedras Altas, um monumento funerário que remonta ao período neolítico. Outro exemplar, a Anta da Masmorra, pode ser visitado na zona de Alcaria Pedro Guerreiro.

Estes monumentos demonstram a ocupação humana da região desde tempos muito antigos, sendo testemunhos importantes da presença e organização das primeiras comunidades agrícolas da serra.

Moinhos, fornos e saberes antigos

Ao explorar a paisagem serrana em redor de Cachopo, é possível encontrar outros elementos de grande valor etnográfico. Em montes como o Graínho, Azinhosa, Casas Baixas ou Alcarias de Baixo, há moinhos de vento que outrora serviram para moer cereais, alguns deles transformados em habitação.

Também é possível observar eiras, fornos comunitários e fornalhas, bem como exemplos de habitação tradicional em xisto. Tudo isto revela o engenho das populações que, durante gerações, souberam adaptar-se aos recursos locais.

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Uma aldeia que vive do saber fazer

A população de Cachopo mantém viva a ligação à terra e aos ofícios tradicionais. A agricultura de sequeiro, a pecuária e a apicultura continuam presentes, tal como o trabalho em cortiça, madeira, cestaria e tecelagem.

O artesanato assume um papel central na economia local e atrai visitantes interessados em levar para casa peças únicas, feitas com saber transmitido de geração em geração.

Esta valorização das tradições confere autenticidade à experiência de quem visita.

Cultura, fé e memória coletiva

No centro desta aldeia do Algarve ergue-se a Igreja Matriz de Santo Estêvão, datada de 1535. Este templo foi alvo de reabilitação em 2007 e continua a ser um ponto de encontro da comunidade e de quem chega para conhecer o património religioso da região.

Outro espaço importante é o Núcleo Museológico do Cachopo, dedicado à etnologia e aos ofícios populares da Serra do Caldeirão. Este museu documenta saberes como os dos ferreiros, albardeiros e tecedeiras, todos eles ligados aos ciclos agrícolas e à vida serrana.

Natureza em estado puro

Além da história e da cultura, Cachopo oferece paisagens naturais consideradas por muitos de grande beleza. A Fonte Férrea, a caminho de São Brás de Alportel, é um desses lugares. Rodeada de vegetação, esta fonte deve o nome ao alto teor de ferro presente nas suas águas.

Outro ponto a não perder é o Miradouro Natural do Cerro do Malhanito, a 479 metros de altitude. Daqui é possível contemplar vistas amplas sobre a serra.

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