Caso Maddie: polícia alemã procura provas para manter preso Bruckner

A polícia alemã regressou ao Algarve para fazer buscas no caso Maddie — a criança britânica desaparecida há 18 anos na praia da Luz, em Lagos. A notícia ainda mobiliza a comunicação social, mas já sem o habitual frenesim mediático que teve noutras ocasiões. Desta vez, a polícia inglesa não se deslocou ao terreno. Do mesmo modo, as cadeias de televisão estrangeiras parecem ter vindo apenas “picar o ponto”, trazidos por uma esperança remota de que os investigadores da BKA (congénere germânica da PJ) desenterrem novas pistas capazes de ajudar a desfazer o mistério que ainda ronda o desaparecimento de Madeleine McCann.

As pesquisas com recurso a georadares incidem numa faixa litoral compreendida entre as praias de Porto de Mós e da Luz. O local é um dos sítios frequentados por Christian Bruckner — a cumprir pena de sete anos na Alemanha, por violação, no Algarve, de uma norte-americana de 72 anos. O homem, de 47 anos, viveu na região algarvia durante 17 anos, tendo desempenhado vários trabalhos — desde apanhador de bolas de golfe a empregado de restaurante. Das várias residências que teve no concelho de Lagos e Silves, uma situava-se no sítio da Atalaia (perto da praia da Luz), num local frequentado por caravanistas e praticantes de campismo selvagem.

Do conjunto das muitas pistas levantadas sobre o desaparecimento de Maddie, no estrangeiro e em Portugal, constava a barragem do Arade (Silves), onde Bruckner viveu. Por isso, há dois anos a polícia alemã tinha já feito buscas nesse sítio. Na altura, os mergulhadores encontraram apenas restos de cadáveres de animais. Dois anos depois, voltam a bater o terreno, mas na zona litoral. O foco são casas em ruínas e poços, na expectativa de que o cadáver aí possa ter sido enterrado. Além da Polícia Judiciária (PJ), que está a dar cumprimento a uma Decisão Europeia de Investigação (DEI), os investigadores alemães contam com o apoio dos bombeiros e da protecção civil. A PSP garante o perímetro de segurança.

Depois de o tribunal português ter absolvido o casal McCann do crime de desaparecimento da filha, na altura com três anos, foram os investigadores ingleses que mantiveram o caso em aberto. Na barragem do Arade, estiveram dois agentes ingleses como observadores. Agora, a Scotland Yard, que em Abril viu aprovado um reforço de cem mil libras (cerca de 118,5 mil euros) para financiar o prosseguimento das investigações, não se deslocou ao Algarve.

Do mesmo modo, a imprensa inglesa — ao contrário do que se verificou noutras ocasiões — mantém uma presença discreta no terreno. As buscas vão continuar por mais dois dias, previsivelmente até sexta-feira.

Libertado em Setembro

A polícia alemã foi activada quando Bruckner foi acusado de três casos de violação agravada e dois de abuso sexual de menores, crimes alegadamente praticados em Portugal, entre 2000 e 20017. Em julgamento, realizado no ano passado, foi condenado a sete anos de prisão pela violação da idosa.

O Ministério Público, na altura, anunciou que iria recorrer da sentença. Por outro lado, o alemão foi formalmente identificado como suspeito do desaparecimento de Maddie. A imprensa inglesa sensacionalista chegou a referenciar que existiriam imagens de Maddie no computador do acusado, que o relacionavam com o desaparecimento da menina.

No próximo mês de Setembro, quando terminar a pena, Christian Bruckner será libertado se não forem encontradas fortes provas que o liguem ao desaparecimento de Madeleine McCann. Estas buscas poderão traduzir, assim, uma derradeira tentativa de comprovar a ligação do alemão de 47 anos a este desaparecimento.

No mesmo sentido, a polícia também não descarta a hipótese de a criança ter sido atirada ao mar no local onde estão a ser efectuadas as buscas. De resto, o primeiro retrato robot deste caso apresentava uma pessoa com uma criança ao colo, que se presume poder ser Bruckner.

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