Taxonomistas: há séculos a desvendar a biodiversidade

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Com base nos contributos de outros naturalistas, Linnaeus (ou Lineu, como dizemos em Portugal) propôs também um sistema de classificação hierárquico para animais e plantas (na altura também para os minerais), estruturando-o em “Reino, Classe, Ordem, Género e Espécie” – sendo espécie o nível base de classificação. No caso das plantas, os seus critérios de classificação basearam-se num conjunto de caracteres sexuais e reprodutivos, que podiam ser facilmente observados.

Tal como em sistemas anteriores, Lineu baseou-se num pequeno conjunto de características definidas arbitrariamente por si mesmo, que serviram para estabelecer relações entre plantas, mas na realidade muitas delas não tinham qualquer relação de afinidade e apresentavam até grandes diferenças morfológicas entre si (a não ser os caracteres sexuais que observou).

Este tipo de sistemas baseados em caracteres arbitrários definidos por cada autor e relacionados com comportamentos ou “hábitos”, são normalmente designados como sistemas de classificação artificiais.

Nos séculos XVIII e XIX houve igualmente várias outras propostas de sistemas de classificação que procuravam afinidades naturais para estruturar grupos de seres vivos com base nas suas semelhanças. Conhecidos por sistemas naturais, mantinham uma classificação estruturada em caracteres que variavam de autor para autor.

O botânico suíço Augustin Pyrame de Candolle (1778-1841), que usou pela primeira vez o termo taxonomia, deixou contributos relevantes para esta sistemática natural, procurando identificar na anatomia dos seres vivos características que pudessem revelar a sua origem comum. Embora influenciado pela teoria da seleção natural de Darwin, o sistema que propôs tentava encontrar semelhanças partindo do princípio de que a anatomia das espécies se mantinha constante, sem mutações, ao longo do tempo.

Na segunda metade do século XIX, vários autores procuraram criar sistemas de classificação evolutivos, integrando caracteres que supunham ser úteis para classificar as espécies segundo relações de parentesco. No entanto, esta suposição foi feita sem que existisse uma base científica para determinar quais os caracteres que poderiam determinar um passado evolutivo comum (os caracteres moleculares não eram ainda conhecidos).

Ainda assim, vários sistemas evolutivos continuam a ser úteis e, apesar das falhas que lhes são reconhecidas, anteciparam boa parte da informação que vai sendo revista pelos modernos taxonomistas, apoiados pela sistemática filogenética e pelos métodos de análise que a apoiam (análise cladística) e ajudam a compreender como evoluíram as plantas.

O artigo foi publicado originalmente em Florestas.pt.


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