
A zona sudoeste do Algarve continua a ser uma das mais procuradas por turistas que fogem dos centros urbanos e das praias mais comerciais da região. Sagres é um dos destinos mais visitados durante os meses de verão, mas mantém, mesmo na época alta, um ambiente distinto. A vila é pequena, com comércio local limitado e poucas unidades hoteleiras de grande dimensão. E a sua localização no extremo do concelho algarvio levou o The Guardian a denominar este sítio de o “fim do continente”.
Paisagem protegida com pressão turística sazonal
A envolvente natural está inserida no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, uma das áreas protegidas mais extensas do país, o que restringe a construção e a intervenção humana em larga escala.
A estrada que liga Vila do Bispo a Sagres e, mais adiante, ao ponto mais ocidental da região, tem tráfego intenso nos meses de julho e agosto, especialmente ao final da tarde.
A maioria dos visitantes é nacional, espanhola ou alemã, com um aumento progressivo do número de franceses e britânicos desde 2022. Muitos deslocam-se de carro, em viagens planeadas por toda a costa alentejana e algarvia.
A infraestrutura pública é mínima, composta essencialmente por estacionamentos delimitados e algumas zonas pedonais com gradeamento. O local em causa tem vindo a registar um aumento acentuado de visitas desde 2021.
O promontório mais famoso da Europa continental
É a partir deste ponto que se revela o foco de atenção: o Cabo de São Vicente, o ponto mais a sudoeste da Europa continental. O promontório, com cerca de 75 metros de altura, é uma das extremidades físicas mais reconhecíveis do território português.
De acordo com o jornal The Guardian, o local é descrito como “o fim do continente”, uma referência constante nas rotas de caminhantes e amantes da natureza que procuram zonas menos transformadas pelo turismo.
O farol instalado no Cabo de São Vicente é um dos mais potentes da Europa, com um alcance luminoso até 60 quilómetros em condições ideais.
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Destino obrigatório em roteiros internacionais
Segundo o Telegraph, trata-se de uma paragem obrigatória em qualquer roteiro pelo Algarve ocidental, destacando-se pela conjugação entre paisagem, acessibilidade e isolamento controlado.
O acesso é livre durante todo o ano. No inverno, o vento e a ondulação dificultam a permanência prolongada, mas não reduzem o interesse. O local é visitado diariamente, mesmo fora da época alta.
Existe um pequeno centro de visitantes, uma loja e um quiosque com refeições ligeiras. A zona não tem alojamento nem estruturas comerciais de grande dimensão.
Entre o turismo e a conservação ambiental
O Times classifica o pôr do sol no Cabo de São Vicente como “dos mais fotografados da Europa”. Centenas de visitantes concentram-se nas falésias ao final da tarde durante o verão.
Com o aumento de visitantes, têm surgido preocupações ambientais. O município de Vila do Bispo reforçou a sinalização e a fiscalização, sobretudo em relação ao estacionamento selvagem e autocaravanas.
O percurso, que pertence à Rota Vicentina, atrai centenas de caminhantes, sobretudo entre março e outubro. Apesar da pressão sazonal, o local mantém biodiversidade relevante. O promontório serve de abrigo a várias espécies costeiras e é ponto de passagem de aves migratórias no outono.
Um ponto de partida simbólico e histórico
Segundo o Visit Portugal, o local é privilegiado para observação ornitológica, atraindo investigadores e entusiastas da natureza. Historicamente, o Cabo de São Vicente foi considerado um local sagrado na Antiguidade. Durante os Descobrimentos, era o último ponto de terra firme visível para as embarcações que partiam para o Atlântico.
O nome “fim do continente” ainda hoje é utilizado informalmente por visitantes e operadores turísticos. O apelido resulta da geografia e do isolamento visual, mais do que de qualquer referência oficial.
A gestão do espaço tem sido feita em articulação entre o município, o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas e outras entidades, com foco na manutenção da integridade ecológica e segurança dos visitantes.
Em anos recentes, foram implementadas melhorias na sinalização e reforçados os alertas para quedas nas falésias, que continuam a ser o principal risco físico da zona. O Cabo de São Vicente continua a ser um destino com procura crescente, valorizado tanto pelo seu enquadramento geográfico como pelo equilíbrio entre visitação e preservação.