“Tempestade perfeita” potencia a vindima mais negra de sempre

“A vindima de 2024 foi uma das mais dramáticas da história da vitivinicultura portuguesa”, começa por enfatizar a Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas (Anceve), lembrando que  “muitos viticultores deixaram as uvas por colher, ou por não conseguirem encontrar compradores ou pelo facto de o preço que lhes foi oferecido implicar um prejuízo demasiado avultado e não compensar o seu trabalho, após um ano de investimento nas vinhas”.

“A partir dessa vindima passamos a ter um setor diferente, mais crispado, menos unido e com muitos viticultores, produtores, comerciantes e exportadores a tentarem vender as suas empresas ou a ponderarem pura e simplesmente abandonar a atividade, por ser clara e insustentavelmente deficitária”, explica a Anceve, em comunicado.

“Mas a vindima de 2025 será muito provavelmente ainda mais dramática do que a do ano passado, tal como as notificações aos viticultores por parte de compradores tradicionais, anunciando que não lhes ficarão este ano com as uvas, antecipam desde já”, alerta a associação liderada por Paulo Amorim.

Acresce que o Instituto da Vinha e do Vinho, uma Instituição fundamental para a fileira vitivinícola, “se encontra numa situação de indefinição e paralisia, em consequência da exoneração verbal do seu conselho diretivo em Janeiro passado”, aponta a Anceve.

“Aliás estranhamente (passados seis meses) ainda não formalizada pela tutela, que impacta muito negativamente um setor que sofre neste momento os efeitos gravíssimos de uma crise internacional com tendência a agravar-se nos próximos tempos”, sinaliza, lamentando que “o setor não foi auscultado quanto à exoneração do conselho diretivo do IVV, tão pouco relativamente à equipa eventualmente designada para lhe suceder e desconhece os motivos para a decisão intempestiva do Governo”, insurge-se.

De resto, a Anceve observa que “as exportações estavam a crescer no início do ano e a incerteza no comércio internacional causada pela política tarifária de Donald Trump, conjugada com o consumo de vinho em queda a nível global e com as campanhas anti-vinho, inverteram a tendência”.

Perante este quadro, a Anceve, que celebra este ano o seu 50.º aniversário, solicitou uma reunião com caráter de urgência com a Comissão Parlamentar de Agricultura e Pescas, “a fim de debater a situação atual do setor do vinho, as perspetivas dramáticas para a vindima que se avizinha e as medidas necessárias que é imperioso adotar”.

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