Tem escola, termas e casino: esta aldeia no Alentejo está abandonada e pode custar menos do que uma casa

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Está abandonada há décadas, mas em tempos teve tudo o que se poderia esperar de uma pequena comunidade: habitações, escola, infantário, termas, capela, refeitório, campo de futebol, casino e até uma pista de aviação. A Herdade do Pereiro, situada no concelho de Marvão, perto da fronteira com Espanha, está agora à venda por nove milhões de euros, de acordo com a NiT.

A aldeia que chegou a ser autossuficiente e a empregar centenas de trabalhadores está hoje devoluta. Com uma área habitável de 20 mil metros quadrados e cerca de 80 hectares de olivais e montado de sobro, o espaço apresenta um conjunto de edifícios em ruínas, onde outrora se produziam azeite, vinho, conservas, enchidos, queijo e outros bens agrícolas.

Um império nascido do nada

Segundo a mesma fonte, a história da Herdade do Pereiro começou a ganhar relevo em 1931, quando João Nunes Sequeira, empresário da região, adquiriu a propriedade. Instalou inicialmente uma fábrica de pimentão, à qual se seguiram lagares de azeite, adegas, oficinas e moinhos. O crescimento da herdade transformou o local numa verdadeira aldeia agrícola e industrial.

Apesar da distância dos grandes centros, a Herdade do Pereiro dispunha de tudo. Como explicou uma antiga funcionária ao Jornal de Notícias, ali trabalhava-se em todas as frentes: da lavoura à criação de gado, passando pela apanha de frutos, legumes e azeitona. O trabalho era árduo, mas havia também espaço para festas religiosas, jogos e convívio entre os moradores.

Termas centenárias e licenças de jogo

Um dos pontos de destaque da herdade era o complexo termal da Fadagosa, com mais de um século de história. Concessionado a João Nunes Sequeira em 1942, o espaço integrava instalações dedicadas ao termalismo e fazia parte da rotina dos habitantes.

A aldeia foi ainda o local da primeira licença oficial de jogo em Portugal, conforme explica a NiT. O salão de jogos instalado na herdade atraiu visitantes de fora e deu origem a um pequeno casino que animava os finais de tarde. Durante a Segunda Guerra Mundial, a existência de uma pista de aviação permitiu, segundo os relatos, o transporte clandestino de mercadorias entre Portugal e Espanha.

O declínio após a morte do fundador

O declínio começou com a morte do empresário, no final da década de 1960. Apesar das tentativas dos herdeiros para manter o funcionamento da herdade, os negócios começaram a reduzir-se gradualmente. Parte dos trabalhadores foi dispensada e as famílias acabaram por abandonar as suas casas.

Nos anos 90, já não restava qualquer residente. A aldeia que durante cerca de 30 anos foi uma referência regional mergulhou no silêncio e no abandono. Desde 2011 que está oficialmente à venda, com o preço fixado nos nove milhões de euros.

Futuro incerto com potencial turístico

O site da Green Acres, responsável pela comercialização da propriedade, refere que o imóvel tem “características verdadeiramente únicas e singulares”. A mesma fonte acrescenta que a Herdade do Pereiro tem potencial para a instalação de uma aldeia turística, associada ou não à vertente termal, aproveitando o património construído, incluindo as Termas da Fadagosa e as estruturas de apoio existentes.

Apesar do estado de degradação, o valor histórico e arquitetónico do conjunto pode atrair investidores interessados num projeto de recuperação de grande escala. Para já, o preço elevado continua a ser um obstáculo à concretização dessa transformação. No entanto, toda a aldeia pode custar menos do que algumas casas em Portugal, já que o imóvel mais caro à venda no nosso país custa 32 milhões de euros e fica no Estoril. Falamos de uma diferença de mais de 20 milhões de euros.

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