Os agricultores pedem rapidez na chegada dos primeiros apoios financeiros. A Confederação de Agricultores de Portugal (CAP) defende que, após os anúncios do primeiro-ministro sobre medidas de ajuda às populações afetadas pelos incêndios, é urgente passar das palavras à ação.
Em declarações à Renascença, o secretário-geral da CAP, Luís Mira, sublinha que “mais importante do que anunciar é executar”. Recorda que “há sempre uma grande diferença entre a apresentação das medidas e a sua concretização” e insiste que as que já estão em condições de avançar — “nomeadamente as indemnizações e o apoio direto aos afetados” — devem ser aplicadas de imediato.
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Apesar de destacar a celeridade como prioridade, Luís Mira alerta para a necessidade de critério na distribuição das compensações: “Espero que o Governo tenha em consideração a forma como vai distribuir os apoios”, diz.
Sobre os montantes anunciados pelo Governo, o responsável nota que “falar em verbas significativas é fácil, mas é preciso que se reflitam nos Orçamentos do Estado dos próximos anos”. Sublinha ainda que as soluções têm de ser sustentáveis: “Não podem ser medidas de curto prazo, que deixam de funcionar daqui a dois ou cinco anos. O fogo faz parte do ecossistema mediterrânico, mas não pode assumir estas dimensões — é isso que temos de saber gerir.”
O secretário-geral da CAP defende ainda que, no desenho das medidas de médio e longo prazo, os agricultores sejam chamados a participar: “Há sempre um olhar para as câmaras e CCDR, que são importantes, mas não ouvi falar das organizações de agricultores, que estão no terreno.”
Recorda, a este propósito, que já existem exemplos de cooperação bem-sucedida há mais de 30 anos com estas organizações, em áreas como a Política Agrícola Comum ou a sanidade animal. “Não me parece que haja um caminho mais eficiente do que envolver quem vive no território, conhece os problemas e tem de fazer parte da solução”, conclui.