Moradores e agricultores da região partilham histórias de sobrevivência, luta e resiliência face à devastação causada pelas chamas. Os desafios agora incluem a alimentação do gado, a recuperação de animais perdidos e o regresso à normalidade em áreas profundamente afetadas pelo fogo.
Loading…
Ao fim de 11 dias, o incêndio que começou em Piódão e se alastrou a seis concelhos entrou em fase de resolução. Nos lugares por onde o fogo passou, começam agora a surgir histórias de aflição e de coragem.
António estava a dormir numa casa onde guardava o gado quando as chamas chegaram. Vê-las a descer a Serra da Gardunha foi um dos maiores sustos da sua vida.
O trabalho com os animais não parou, apesar das circunstâncias. Os 120 que António possuía sobreviveram, mas todo o pasto ardeu. Os fardos de alimento que a junta de freguesia lhe entregou chegam apenas para um mês.
No concelho vizinho da Covilhã, Manuel e Luís continuam à procura das vacas. Grande parte do alimento que tinham no Vale Glaciar de Alforfa foi consumida pelo fogo.
De volta ao Fundão, onde já não há sinais de chamas, os moradores da freguesia de Castelo Novo tentam regressar à normalidade. Mas o manto negro que cobre a serra dificulta a tarefa de apagar da memória uma semana difícil, da base ao topo da montanha.
Sem meios de socorro por perto, uma família conseguiu impedir sozinha que o fogo chegasse à sua casa, apenas com a ajuda de uma mangueira e de uma boca de incêndio.
Foram dias duros que deixaram marcas físicas e psicológicas.