
Durante uma visita à feira
Agroglobal, em Santarém, Ventura afirmou ter enviado uma proposta ao
gabinete do primeiro-ministro, Luís Montenegro, com o objetivo de “dar
um sinal ao país de estabilidade política” e de que “há condições para
uma mudança à direita”.
“O Chega quer ser
uma garantia de confiança e estabilidade. Não queremos assistir ao drama
de todos os anos, em que o orçamento pode cair e o Governo também”,
declarou, sublinhando que o partido está disponível para negociar, mas
não para “ser fantoche ou muleta, como o CDS ou a Iniciativa Liberal”.
Entre
as exigências do Chega estão o aumento estrutural das pensões, uma
redução fiscal para as empresas e medidas concretas para o setor
agrícola, nomeadamente no combate à escassez de água e aos incêndios.
Ventura
criticou ainda a atuação do Governo na gestão dos fogos florestais,
acusando o executivo de ter estado “ausente” e de ter gerido
“desastrosamente” a crise dos incêndios.
Sobre
a legislação laboral, o líder do Chega rejeitou qualquer reforma que
implique perda de direitos, nomeadamente nas áreas do luto gestacional e
da amamentação, e defendeu um “equilíbrio” entre proteção dos
trabalhadores e dinamismo económico.
“O
país precisa de mais natalidade, de trabalhadores sólidos e
qualificados. Não podemos ser um país de precariedade”, afirmou,
acrescentando que o Chega não aceitará reformas que “ataquem as mães
portuguesas” ou que “transformem o mercado de trabalho numa selva”.
Ventura
disse estar aberto ao diálogo com o Governo, inclusive fora do âmbito
do orçamento, mas avisou que “se a grande reforma laboral for tirar
direitos às mães ou facilitar despedimentos indiscriminados, não há
caminho”.
A visita à Agroglobal ficou ainda
marcada por críticas ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de
Sousa, a quem Ventura acusou de realizar “mais de 1.500 viagens à custa
dos contribuintes”, incluindo deslocações que considerou
“desnecessárias”, como visitas a exposições ou festivais.
Questionado
sobre o voto contra a deslocação do Presidente da República à Alemanha e
o lapso em que referiu tratar-se de um “festival de hambúrgueres”,
quando na verdade se tratava de um evento dedicado à cidadania, André
Ventura atribuiu o erro a uma má tradução na folha de votação
parlamentar, mas manteve a crítica ao chefe de Estado por, alegadamente,
realizar viagens desnecessárias à custa dos contribuintes.
“O
Presidente da República deve fazer o mínimo de viagens possível. Os
contribuintes não são para pagar passeios”, afirmou, acusando ainda a
SIC de fazer um “péssimo serviço à democracia” por, alegadamente, não
escrutinar suficientemente o chefe de Estado.