pesar dos desafios económicos e financeiros, a pressão inflacionária mantém-se contida, com uma variação homóloga de 4,79%, o que tem contribuído para a redução das taxas de juro no mercado de crédito”, disse o ministro da Planificação e Desenvolvimento de Moçambique, Salim Valá.
O governante falava em Maputo, durante o Observatório de Desenvolvimento, um fórum consultivo entre o executivo e parceiros em matérias de desenvolvimento, onde o Governo apresentou a proposta do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE) de 2026 e dados da execução deste ano, tendo apontado para a recuperação económica do país, sobretudo após protestos pós-eleitorais em finais de 2024 e início deste ano, que afetaram a economia.
“Estes indicadores revelam uma recuperação da economia e retoma da confiança dos investidores privados, esperando-se que até ao final do ano o crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] se situe na banda de 1,9 a 2,5%”, disse Salim Valá.
O ministro da Planificação e Desenvolvimento avançou que este crescimento está a ser sustentado pela revitalização das atividades produtivas, incluindo a aplicação de uma nova dinâmica nos setores produtivos da indústria transformadora, agricultura, construção, turismo, transportes e serviços.
Com os “sinais encorajadores” de recuperação económica, também já verificados neste segundo semestre, disse ainda, o Governo perspetiva que o ritmo de crescimento económico acelere a partir do próximo ano, o segundo da implementação do Plano Quinquenal do Governo liderado pelo Presidente, Daniel Chapo, eleito em outubro.
Segundo o ministro, a partir do próximo ano o país vai também “entrar em velocidade de cruzeiro rumo ao estabelecimento de uma economia assente em múltiplos setores económicos, não excessivamente dependente da indústria extrativa, turbinar os processos de transformação de economia e robustecer as fundações para o alcance da independência económica”.
O Governo moçambicano prevê ainda uma recuperação económica moderada em torno de 3,2% em 2026, impulsionada pela recuperação dos setores dos serviços, expansão das exportações de gás natural liquefeito, dinamismo dos setores agrícola e por investimentos significativos no setor da energia.
“A taxa média anual de inflação deverá manter-se dentro de uma meta estimada em 3,7%, beneficiando-se de uma política monetária prudente e da relativa estabilidade cambial”, adiantou o ministro Valá.
O Governo previu antes que Moçambique feche 2025 com uma inflação em torno de 7%.
O Banco de Moçambique estima que a inflação anual vai continuar a desacelerar nos próximos meses, refletindo a recente decisão de isentar de IVA alguns produtos básicos e reduzir em até 60% as tarifas de portagens.
“No curto prazo, prevê-se a manutenção da tendência para desaceleração da inflação anual, a refletir o impacto da isenção do IVA nos produtos básicos (açúcar, óleo alimentar e sabão), o ajustamento em baixa das tarifas de água e portagens e a queda dos preços de alimentos no mercado internacional, num contexto de estabilidade do metical”, lê-se no relatório de Conjuntura Económica e Perspetivas de Inflação, noticiado em maio pela Lusa.
No documento, aponta-se ainda que o habitual inquérito aos agentes económicos “corrobora as perspetivas de desaceleração da inflação anual”, já que as expectativas macroeconómicas dos agentes económicos reveladas no estudo de maio “apontam para uma inflação anual de 4,9% em dezembro de 2025, o que representa uma revisão em baixa de três pontos base face às expectativas divulgadas no inquérito de abril”.
Leia Também: Estas são as prioridades do Orçamento moçambicano de 2026