Museu Zer0 abre no sábado em Tavira com arte digital

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O Museu Zer0, primeiro museu de arte digital em Portugal, situado próximo de Tavira, no barrocal algarvio, abre ao público no sábado com a missão de aproximar a arte contemporânea das comunidades no interior do país.

Instalado nos silos da Cooperativa Agrícola dos Produtores de Azeite de Santa Catarina da Fonte do Bispo, o museu não terá um acervo tradicional, servindo antes como espaço para a criação de arte digital in situ centrada em residências artísticas.

“A luta é ter cada vez mais espaços no interior do país que aproximem as pessoas, porque temos de deixar de ser elitistas e o acesso à cultura e à arte contemporânea é importante”, disse Fátima Marques Pereira, programadora geral de abertura do Museu Zer0.

O edifício de sete andares acolhe logo no rés-do-chão a zona de exposições, composta por quatro salas: a sala imersiva, sem luz natural para promover a imersão dos visitantes num ambiente digital, a sala grande, a sala do órgão e a sala polivalente.

Na sala imersiva será possível ver duas obras de arte digital: uma dedicada ao legado do arquiteto modernista Manuel Gomes da Costa, que desenhou os edifícios da antiga cooperativa na década de 1950, e outra inspirada nas flores e plantas do barrocal algarvio, explicou João Correia Vargues, presidente da direção do Museu Zer0.

Já na sala grande está prevista uma instalação da Fundação Bienal de Arte de Cerveira, com vídeos que narram os primórdios da arte digital em Portugal, prevendo-se que a sala do órgão, que tem uma antiga máquina, acolha uma peça sonora.

O museu terá dois momentos de abertura, um no sábado e outro no dia 18 de outubro, altura em que os visitantes já poderão apreciar as obras concebidas em residência artística especificamente para os espaços expositivos existentes.

Segundo a programadora, a abertura em duas datas tem a ver com a ideia permanente de work in progress (em português, trabalho em progresso), que o museu quer transmitir, enquanto “oficina renascentista contemporânea”, em que as pessoas “acompanham o saber fazer”.

O primeiro andar do edifício será dedicado aos artistas, com o Espaço Magalhães — resultante de um projeto transfronteiriço que junta o Algarve, o Alentejo e a Andaluzia — a funcionar como centro de experimentação e criação artística em arte digital.

Este espaço de trabalho é composto ainda pelo “FabLab”, que possui três impressoras 3D e, ainda, um estúdio de som que, não sendo pensado para ser um estúdio de gravação, tem um bom isolamento acústico, explicou João Correia Vargues.

No segundo andar do edifício existe um pátio onde se prevê a realização de concertos, performances, video mapping e até ciclos de cinema, entre outros, sendo possível no terceiro piso ver projetos artísticos nos antigos silos da cooperativa.

O museu terá ainda um espaço próprio para residências artísticas, numa configuração espacial que permite que cada espaço esteja organizado para acolher determinadas funções, sem colidirem umas com as outras, notou, ainda, João Correia Vargues.

A ligação às escolas e a investigação académica completam as valências do Museu Zer0, nomeadamente com o Ágora, no sexto andar, um espaço interuniversitário preparado para acolher investigadores, existindo já um protocolo com a Universidade do Algarve nesse sentido, acrescentou.

Entre os dois momentos de abertura, o museu permanecerá aberto ao público, assumindo-se como um espaço vivo, em que escolas, instituições, habitantes de Santa Catarina da Fonte do Bispo e visitantes poderão acompanhar os bastidores, conhecer artistas e descobrir como se constrói uma exposição.

No projeto das residências artísticas, o Museu Zer0 conta com o apoio da Fundação MEO, pretendendo desafiar artistas e investigadores a proporem projetos inovadores, capazes de dar visibilidade ao museu.

Criado pelo Instituto Lusíada de Cultura, associação sem fins lucrativos com utilidade pública, a ideia de instalar um museu naquele local nasceu do empresário e antigo administrador do BCP Paulo Teixeira Pinto. O Museu Zer0 está aberto de quarta-feira a domingo, das 10h às 18h, e a entrada será gratuita.

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