s municípios de Setúbal, Sesimbra e Palmela, com o apoio do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e através da Associação de Municípios, que coordena este projeto, têm procurado sempre um reconhecimento maior da Arrábida, para que este património seja melhor defendido e também promovido”, disse André Martins, pouco depois do reconhecimento da Arrábida como Reserva da Biosfera da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
“Neste caso, naturalmente que é extremamente importante para a nossa região, que a Arrábida, o território Arrábida, entre na rede das reservas da biosfera da UNESCO. É extremamente importante porque isto é uma forma de nós promovermos o nosso território e também porque tem um objetivo, que também é muito importante para a nossa região, de conseguir uma maior harmonização entre a conservação da natureza e as atividades económicas que se desenvolvem na nossa serra”, acrescentou o presidente da AMRS, que é também o atual presidente da Câmara Municipal de Setúbal.
André Martins fez ainda um elogio público às equipas técnicas e científicas que trabalharam na candidatura, trabalho que considerou fundamental para o reconhecimento da UNESCO.
A candidatura da Arrábida a Reserva da Biosfera foi submetida em setembro de 2024 ao Secretariado do Programa MaB (Homem e Biosfera) UNESCO, em Paris.
Numa breve descrição da Reserva da Biosfera da Arrábida, a UNESCO explica a localização na “impressionante costa atlântica de Portugal”, em 200 quilómetros quadrados que têm no centro a Serra da Arrábida, “cujas falésias calcárias mergulham no oceano, emoldurando uma paisagem que combina matagais mediterrânicos, densas florestas de pinheiros-bravos, grutas escondidas e vibrantes ecossistemas marinhos”.
A Reserva da Biosfera da Arrábida, acrescenta, alberga mais de 1.400 espécies de plantas — representando 40% da flora portuguesa — incluindo 70 espécies raras e endémicas.
Alberga também uma fauna diversificada, com 200 espécies de vertebrados e mais de 2.000 espécies marinhas, incluindo golfinhos-roaz (Tursiops truncatus), robalos-europeus (Dicentrarchus labrax) e salmonetes-vermelhos (Mullus barbatus).
A UNESCO destaca ainda as “impressionantes falésias costeiras e desfiladeiros subaquáticos” e diz que cerca de 68.000 pessoas vivem em cidades históricas, portos de pesca pitorescos e encantadoras aldeias rurais em toda a reserva.
“As atividades económicas combinam tradições ancestrais — como a pesca artesanal, o cultivo da azeitona e a produção do famoso Moscatel de Setúbal — com oportunidades emergentes de ecoturismo. Em Setúbal e Sesimbra, as famílias de pescadores mantêm equipamentos artesanais e calendários sazonais, como a pesca da sardinheira (arte de pescar), transmitindo conhecimentos tradicionais que sustentam os ecossistemas marinhos”, pode ler-se no documento.
Segundo AMRS a candidatura, hoje foi aprovada, pretendia “afirmar a Arrábida como um laboratório vivo de sustentabilidade, promovendo o equilíbrio entre atividades económicas, sociais e culturais e a preservação, conservação e recuperação de ecossistemas no valioso bioma mediterrânico da serra e da região envolvente”.
Em julho do ano passado, Maria da Graça Carvalho, já ministra do Ambiente e Energia, declarou o apoio à candidatura, considerando-a “um marco importante para a região e para o país”, e disse que o reconhecimento internacional iria projetar a Arrábida a nível mundial.
A área que será agora Reserva da Biosfera já está em parte abrangida por áreas protegidas e da Rede Natura 2000. E contém o Parque Marinho Luiz Saldanha, uma área de proteção total onde são proibidas atividades humanas por ser local de reprodução para espécies como cavalos-marinhos e chocos.
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