Camponeses de Mapate abandonam campos receando supostos terroristas

egundo as fontes, desde a semana passada, alegados grupos de insurgentes circulam na zona do rio Messalo, a 60 quilómetros da sede do distrito de Muidumbe, onde os camponeses trabalham os campos para a produção da segunda época de milho e de tabaco.

“Temos machambas (campos de produção) de milho e tabaco, mas os homens armados circulam lá”, relatou uma fonte, a partir de Muidumbe, acrescentando que neste cenário, devido aos receios, há camponeses a abandonarem as atividades.

“Eu estive lá, abandonei. E tem mais gente a sair”, disse ainda.

Além de Mapate, camponeses do acampamento de Nova Família também abandonaram os campos agrícolas por temerem a presença dos rebeldes, relataram outras fontes locais.

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques extremistas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia.

A ONU estimou na semana passada que, pelo menos, 44 pessoas morreram e outras 208 mil foram afetadas no mês de agosto pelos ataques de grupos extremistas em Cabo Delgado.

De acordo com um relatório de campo do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), até agosto, Moçambique reportou um total de 111.393 pessoas deslocadas, na sua maioria provenientes de Cabo Delgado (109.118), apesar de terem sido registadas movimentações de pessoas nas províncias de Niassa e Nampula.

“Os civis continuam a enfrentar graves riscos de segurança e proteção, incluindo raptos, pilhagens e ameaças”, refere-se no documento, que acrescenta que, em agosto, estes incidentes “resultaram em 44 mortos e 101 raptados, entre eles seis crianças e cinco mulheres”.

Acresce que a insegurança, combinada com reduções “significativas” no financiamento humanitário, limitou “severamente” a capacidade dos parceiros para alcançar as populações afetadas.

“A violência contra civis, as operações militares, os avistamentos dos grupos armados não estatais e os rumores de raptos e pedidos de resgate tornaram o acesso imprevisível nos distritos com mais graves necessidades e incidentes”, descreve o relatório, acrescentando que a situação resultou na suspensão temporária das missões humanitárias nas zonas rurais dos distritos de Macomia, Quissanga, Muidumbe, Mocímboa da Praia, Meluco e Metuge no início de agosto.

Quase 93 mil pessoas fugiram de Cabo Delgado e Nampula desde finais de setembro devido ao recrudescimento dos ataques no norte de Moçambique, duplicando o número de deslocados em poucos dias, segundo dados anteriores da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, considerou, em 6 de outubro, como “atos bárbaros” e contra a “dignidade humana” os ataques que se registam em Cabo Delgado.

O Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED) contabiliza 6.257 mortos ao fim de oito anos de ataques em Cabo Delgado, alertando para a instabilidade atual.

Leia Também: Moçambique prevê visitas de Estado em 2026 incluindo China e Rússia

Continue a ler este artigo no Notícias ao Minuto.


Publicado

em

,

por

Etiquetas: