“Incêndios florestais mais frequentes, intensos e prolongados” são cenário para Portugal

A expansão do risco de exposição ao fogo está descrita pelo Monitor de Ação Climática, a principal publicação do Programa Internacional de Ação Climática da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).Portugal figura entre os países onde a variabilidade
climática e as “anomalias de humidade do solo” têm impacto crescente
sobre a agricultura. As emissões globais atingiram um novo recorde.

E os países continuam altamente dependentes de combustíveis fósseis para gerar calor e eletricidade. A Europa e nomeadamente Portugal vão sofrer mais com as alterações climáticas.

Segundo o documento da OCDE, “a seca está a provocar incêndios florestais mais frequentes, intensos e prolongados”. Entre 2024 e 2025, “o sul da Europa viveu uma das suas piores épocas de incêndios florestais em duas décadas, com uma estimativa de 380 mil hectares ardidos em Espanha e 260 mil hectares em Portugal”.

“Esses eventos reforçam a necessidade de adaptação climática, incluindo infraestruturas resilientes, gestão sustentável das florestas e das terras e uma capacidade de resposta a incêndios florestais melhorada e coordenada”, defende a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.

Francisco Ferreira da Associação Ambientalista ZERO alerta para medidas à escala mundial para combater estas alterações.

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Promessas de redução de emissões para 2030 são insuficientes
Para a OCDE, 2025 é um ano importante para a ação climática global. Segundo Acordo de Paris, espera-se que os países apresentem Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) atualizadas com metas para 2035.

“Estas atualizações oferecem uma oportunidade para realinhar os esforços nacionais com o nível de ambição necessário para atingir as metas climáticas acordadas. No entanto, as promessas de redução de emissões para 2030 continuam a ser insuficientes. Persistem lacunas significativas entre os compromissos, as ações nacionais e as reduções de emissões necessárias para colocar o mundo no caminho certo para atingir os objetivos do Acordo de Paris.”

O documento, que “fornece informações sobre a ação climática e o progresso em direção às metas de emissões líquidas zero para 52 membros da OCDE e países parceiros”, indica na edição deste ano que as metas de emissões das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) dos países para 2030 continuam insuficientes para atingir os objetivos do Acordo de Paris.

“À medida que os riscos relacionados ao clima aumentam, alcançar essas metas exigirá maior ambição na próxima ronda de NDCs (para 2035) e um aumento substancial na ação climática nacional, que desacelerou significativamente desde 2021”, acrescenta o relatório.As emissões agregadas dos 52 países membros da OCDE
estão oito por cento (cerca de 2,5 gigatoneladas de dióxido de carbono
equivalente – Gt CO₂e) acima do nível necessário para atingir suas metas
de 2030. 

Além disso, para a OCDE, as trajetórias atuais são inconsistentes com as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e com as metas de emissões líquidas zero de longo prazo, resultando tanto em uma lacuna de cumprimento das NDCs para 2030 quanto em uma grande lacuna de consistência com as metas para 2050. As próximas NDCs de 2035 oferecem uma oportunidade para fortalecer a ambição e aumentar a credibilidade.

A organização apela ainda a uma maior ambição, sem a qual “o aquecimento global aumentará até seis por cento até 2100”. A OCDE recorda que “ 2024 registou ondas de calor, inundações e secas recordes, ressaltando o risco crescente de se ultrapassar os pontos de inflexão climáticos. Em diversos cenários de emissões, as projeções indicam que a temperatura média global poderá subir significativamente, evidenciando os custos da demora na tomada de medidas”.O quadro de Medição das Ações e Políticas Climáticas
da OCDE (CAPMF) constata que a ação climática, medida pelo número de
novas políticas climáticas e pela rigidez dessas políticas, cresceu
apenas um por cento em 2024.

“Essa desaceleração não pode continuar a ser explicada pela pandemia de covid-19 ou por choques económicos: ela reflete uma perda de ímpeto na implementação de políticas eficazes. Além disso, a ação climática desigual entre os países pode aumentar a fuga de carbono, reduzindo o impacto geral dos esforços globais de mitigação. Uma ação internacional mais forte e coordenada continua sendo essencial para alcançar as metas climáticas”.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico defende que os governos devem aumentar substancialmente a ambição de Contribuições Nacionalmente Determinadas com metas estabelecidas para os próximos dez anos.

“A apresentação dos planos climáticos nacionais para 2035 oferece uma oportunidade para aumentar a ambição e a credibilidade. As atuais metas de redução de emissões das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) para 2030 estão desalinhadas com as trajetórias consistentes com emissões líquidas zero até meados do século, resultando em uma grande lacuna de consistência com as metas para 2050. A nova rodada de NDCs deve preencher essa lacuna e fortalecer a credibilidade a longo prazo”, explica o documento.

Veja a reportagem na RTP.


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