abo Verde enquanto pequeno Estado insular em desenvolvimento gostaria de ver os objetivos, as metas traçadas devidamente cumpridas”, afirmou à Lusa Gilberto Silva, que participou na cimeira de líderes que antecedeu a 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30), que arranca hoje na cidade amazónica brasileira de Belém.
O responsável de Cabo de Verde, um arquipélago de dez ilhas no Oceano Atlântico, frisou que o país é “bastante exposto aos efeitos das mudanças climáticas”
“Como tal nós gostaríamos que rapidamente as medidas propostas sejam implementadas e possamos com tudo isto também sofrer menos impactos”, frisou, referindo-se aos 300 mil milhões de dólares anuais (cerca de 259,6 mil milhões de dólares) de apoio público prometido pelos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento.
“Nós emitimos em termos percentuais 0,0017% de emissões”, indicou o ministro da Agricultura e Ambiente de Cabo Verde, reforçando que o país quer “ter acesso aos recursos necessários porque os pequenos Estados insulares em desenvolvimento necessitam muito mais”.
“Têm um maior ‘gap’ entre aquilo que são as suas capacidades de implementação e aquilo que efetivamente emitem e as necessidades propriamente ditas”, sublinhou.
Durante a semana passada, na cimeira de líderes, vários estados insulares exigiram justiça climática e que durante a COP30, que arranca hoje, e que decorre pelo menos até dia 21 de novembro, os países desenvolvidos assumam os seus compromissos.
Estes estados insulares são, por um lado, os que menos poluem, mas o que mais sofrem os impactos da emergência climática, através de fenómenos meteorológicos extremos e insegurança alimentar.
“É evidente que os países mais industrializados, que emitem mais, mas também são mais ricos, devem muito mais” defendeu Gilberto Silva.
Outra das vozes que se insurgiu e que cobrou os países desenvolvidos para o compromisso nas próximas semanas foi a ministra dos Negócios Estrangeiros de São Tomé e Príncipe, Ilza Maria dos Santos, que sublinhou que “a vulnerabilidade pode transformar-se em força” se forem garantidas a cooperação, o investimento e o respeito pelos direitos territoriais.
“Não pedimos caridade, pedimos uma aliança justa e solidária”, declarou.
Representantes de cerca de 170 países participam a partir de hoje na COP30, sendo a primeira vez que a conferência climática se realiza na maior floresta tropical do planeta, um ecossistema vital para a regulação da temperatura global, mas também um dos mais ameaçados pela desflorestação e pela mineração ilegal.
As negociações prolongar-se-ão até ao dia 21 de novembro, com possibilidade de se estenderem por mais alguns dias, em Belém, cuja preparação para esta COP30 foi marcada por graves problemas logísticos e pelos preços exorbitantes dos hotéis, que limitaram a estrutura das delegações presentes.
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