s associações lamentaram ainda a ausência de referências aos combustíveis fósseis nos documentos finais.
As organizações ambientalistas criticaram a falta de transparência da organização na cimeira, a influência determinante dos países petrolíferos e a persistência de um financiamento insuficiente, apesar da grande mobilização social que, de 06 a 22 de novembro, se manifestou nas ruas e nos pavilhões, onde foram realizadas as reuniões da ONU.
A cimeira climática, realizada na Amazónia brasileira, terminou este sábado com a aprovação de um documento final que não menciona os combustíveis fósseis como responsáveis pelo aquecimento global nem avança nas aspirações mais ambiciosas de dezenas de países e organizações não governamentais (ONG).
O resultado da cimeira “não esteve à altura da crise climática, social e de biodiversidade que enfrentamos e dos seus dramáticos impactos”, afirmou Eva Saldaña, diretora executiva da Greenpeace Espanha e Portugal.
“É muito dececionante ver como as dinâmicas de poder ancoradas no passado impediram que se chegasse a um acordo ambicioso”, lamentou, aplaudindo, contudo, o facto de um grande número de países, entre os quais Espanha, terem exigido “acordar um roteiro para acabar com os combustíveis fósseis e com a desflorestação”.
Para Javier Andaluz, responsável pela área de Clima e Energia da organização Ecologistas en Acción, a COP30 “foi uma das cimeiras mais opacas da história”, na qual a presidência brasileira “foi incapaz de avançar para uma decisão final justa que permitisse avançar na justiça climática”.
Apesar disso, esta organização considera que houve um único passo em frente real na cimeira: a aprovação do Mecanismo de Ação de Belém (BAM), proposto pela sociedade civil que visa garantir que a transição para uma economia de baixas emissões de carbono seja justa e inclusiva.
“Dececionante”, foi assim que também a SEO/BirdLife classificou a falta de progresso nas questões centrais da COP, que, segundo a organização ambientalista, são o financiamento para os países em desenvolvimento, o abandono dos combustíveis fósseis e a desflorestação.
“Necessitávamos de dar grandes passos em frente em Belém e, apenas, evitámos dar um grande passo atrás”, afirmou Asunción Ruiz, diretora executiva da SEO/BirdLife, que salientou, no entanto, que pelo menos se manteve “um frágil consenso multilateral, num ambiente internacional bastante hostil”.
Para a Amigas da Terra, a COP30 ignorou as vozes da sociedade civil e o acordo “virou as costas às comunidades mais afetadas, sucumbindo ao ‘lobby’ fóssil”.
A WWF classificou o resultado como “modesto” e afirmou, num comunicado, que os poucos avanços alcançados são “insuficientes” para enfrentar a crise climática.
“Ficámos com um documento fraco e pouco substancial, devido aos jogos de forças contrárias à ambição climática e à implementação”, disse o porta-voz Manuel Pulgar-Vidal, que foi presidente da COP20, citado no comunicado.
Já o coordenador federal da Aliança Verde, Juantxo López de Uralde, denunciou que “os ‘lobbies’ da indústria fóssil impediram qualquer avanço na cimeira do clima”. “As petrolíferas ganham, a luta climática perde.”
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