Crianças retiradas dos pais por viverem na floresta. Meloni apoia família

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Uma vida idílica com uma casa de pedra na floresta com cavalos, galinhas e burros: este era o sonho vivido por um casal anglo-australiano com três filhos numa comuna italiana da floresta em Palmoli, a quase 200 quilómetros de Nápoles.

Porém, a “família neo-rural” enfrenta um suspensão da custódia parental após a hospitalização dos três filhos por intoxicação ao ingerirem cogumelos envenenados em abril do ano passado, avançou o jornal italiano “Corriere Della Sera”.

A família quebrou a regra, saiu da casa que comprou em 2021 e dirigiu-se à unidade médica da cidade. Desde então, as autoridades investigaram a rotina familiar negacionista dos moldes da sociedade atual que vivia num edifício não declarado habitável.

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“Os membros da família não têm interações sociais, instalações de água nem eletricidade, casas de banho e as crianças não frequentam a escola”, leu-se em tribunal, sendo decretado um acesso limitado dos pais às crianças.

O advogado da família esclareceu que aquecem a casa com lareiras, utilizam painéis solares para iluminação e optam por água do poço para evitar microplásticos e custos da canalizada. Já a casa de banho é exterior, com uma sanita de compostagem.

Os juízes ordenaram, por isso, à ex-professora de equitação e “life coach” australiana Catherina Birminghan, de 45 anos, e o ex-chef britânico Nathan Trevallion, de 51 anos, que a menina de oito anos e os dois irmãos fossem colocadas numa família de acolhimento depois de recusaram cuidados médicos com mais frequência. Porém, o advogado da família ainda conseguiu que a mãe viva, com algumas restrições, com os filhos na casa de abrigo a 30 quilómetros da floresta.

“Eles estão felizes, cheiram bem, são bem educados e bem alimentados. Porquê quebrar esse laço?”. O pai, em entrevista com o jornal italiano, descreveu esta situação como um “pesadelo” e prometeu “lutar contra a decisão dos inspetores e assistentes sociais” para recuperar a guarda das crianças.

“Estou destruído. Quando volto para a cabana e fico completamente sozinho, em silêncio, acho que tudo isso é uma grande injustiça.” Já a mãe tem ordens para não falar com a comunicação social para não colocar em risco a vida e privacidade dos filhos.

“Sentem falta de tudo, até dos animais”

No entanto, a discussão está aberta na Itália com uma petição online “Salvemos a família que vive na floresta” que já ultrapassou as 150 mil assinaturas. Os assinantes manifestam o regresso das crianças “muito amáveis” à casa da floresta com “animais também muito queridos” e pais que “amam a Itália e os italianos”.

Até receberam apoio da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que encaminhou queixas ao ministro da Justiça italiana, bem como a preocupação do vice Matteo Salvini, criticando a decisão do tribunal. “Este é um sequestro de três crianças tiradas de uma mãe e de um pai de forma indigna, preocupante, perigosa e vergonhosa”, afirmou o vice primeiro-ministro da Itália.

O presidente da câmara de Palmoli, Giuseppe Masciulli, censurou esta decisão do tribunal: “Sou pai e fiquei profundamente chocado com a situação”. Contudo, reconheceu que a situação poderia ter sido resolvida caso os pais aceitassem remodelar a casa e melhorar as condições de higiene desde o princípio. No entanto, os pais recusam inscrever os filhos numa escola.

Em reação, a Associação Nacional de Magistrados condena o posicionamento destas figuras políticas. “A instrumentalização de certa forma política sobre o que está a acontecer parece, na nossa opinião, estar em nítido contraste com o respeito aos direitos dos menores.”

Para o tribunal italiano, a casa representava um “perigo à integridade física dos menores devido à condições da casa e a ausência de segurança em situações de risco sísmico e sem qualquer equipamento para prevenção de incêndios”. Por isso, nestes dias as crianças estão a realizar uma série de exames médicos, verificar vacinas e avaliações psicológicas.

“Vejo muita solidariedade ao redor, muitas pessoas que nos amam.” O pai mantém a esperança e diz-se feliz pelo apoio, mas anseia pelo regresso das crianças à casa de pedra: “Os meus filhos sentem falta de tudo, até dos nossos animais”.

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