“Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já não o tenho”, escreveu Fernando Pessoa no ‘Livro do Desassossego’. (Desas)sossego deve ser o espírito do presente. Ou, se quiserem, sossego com inquietação. É que o otimismo moderado motiva-nos, mas o otimismo exacerbado é dúbio e preguiçoso. Faz-nos descansar no conforto momentâneo das coisas conquistadas e baixar a guarda na luta pelo futuro. E Portugal não pode baixar a guarda, dizia um ex-comissário português na UE, ainda que a propósito de questões de segurança.
Mas a segurança condiciona a economia, cujo crescimento assenta nas cambiantes da conjuntura interna e externa e de cuja prosperidade depende a qualidade de vida dos cidadãos e os bons resultados das empresas.
Por cá, a ‘Geringonça’ aguenta-se, o Presidente elogia o Governo, desdobra-se pelo país e conquista pelos afetos, a dotação do PDR 2020 para este ano subiu 155 milhões de euros, o consumo está em alta – há seis anos que não se gastava tanto em compras de Natal -, o SMN cresceu para 557 euros, a TSU caiu 1,25 pontos percentuais para as empresas, a dívida pública baixou 1.212 milhões para os 243.208 milhões, o Banco de Portugal reviu em alta a projeção de crescimento de 2016 para 1,2% – embora revisse em baixa a de 2017 para 1,4% -, são prorrogados para 2017 vários benefícios fiscais inclusive sobre a capitalização das empresas, o limite mínimo do pagamento especial por conta caiu para 850 euros e é reduzido progressivamente até 2019 mas, atenção!, o rol de boas notícias deve ficar por aqui.
Manda a prudência que sejamos exigentes, que trabalhemos para lá da “gestão do imediato” e que, como disse Marcelo Rebelo de Sousa, em 2017 fixemos “uma estratégia de crescimento económico sustentado”.
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