Editorial Sã concorrência no retalho
A retalhista espanhola Mercadona definiu um plano de internacionalização que prevê a abertura, em 2019, de quatro supermercados no Grande Porto. O primeiro contrato foi assinado esta semana com a Câmara de Gaia, concelho que, com mais de 302 mil habitantes, vai acolher a primeira superfície comercial do grupo.
Foquemo-nos nos números da demografia, dos salários e do retalho em Portugal.
A população caiu para 10.341,3 milhões em 2016, os habitantes com 65 anos ou mais representam um quinto (21%) e as crianças até 14 anos 14%.
O estudo de dezembro de 2009 “Relações Comerciais entre a Grande Distribuição Agroalimentar e os seus Fornecedores” da AdC revela que há nove grupos de grande distribuição Portugal: Aldi, Auchan (insígnias Pão de Açúcar e Jumbo), Carrefour (rede de lojas Dia%/Minipreço), E. Leclerc, El Corte Inglés (lojas El Corte Inglés e Supercor), ITMI ou “Os Mosqueteiros” (insígnias Intermarché e Ecomarché), Jerónimo Martins (insígnias Pingo Doce e Feira Nova e a grossista Recheio), Modelo Continente (insígnias Modelo, Continente e as lojas M24 nalguns postos Galp) e Lidl.
O salário médio líquido em Portugal está em 838 euros/mês e o SMN em 557. Já o poder de compra manteve-se em 2015 nos 76,8% da média da EU (22º lugar). Em termos nominais, o PIB ‘per capita’ em 2015 cresceu 4,2%, por força do crescimento nominal do PIB (3,7%) e da diminuição da população (-0,4%), segundo o INE.
Também segundo o INE, as vendas a retalho em 2016 aumentaram 2,9% (+1,1 pp face a 2015), tendo as dos produtos alimentares subido 4,3%. Ainda assim, as vendas com promoção nos hipermercados passaram de 39,7% no primeiro semestre de 2015 para 44,8% no primeiro semestre de 2016, segundo a APED. E é expectável que a atividade promocional continue a crescer.
Posto isto, há pelo menos três perguntas óbvias: 1 – Sendo a concorrência salutar, estimulante e geradora de transparência e competitividade nos preços, há espaço e capacidade financeira para absorver um novo retalhista em Portugal? 2 – A disputa do mercado por parte da Mercadona vai fazer reduzir margens e baixar o volume de negócios dos restantes operadores? 3 – A crescente concorrência entre operadores fará baixar os preços?
Ficam as perguntas para vossa reflexão.
→Descarregue aqui o suplemento Agrovida de Fevereiro 2017←