Obrigado! Manuel Évora – Editorial Teresa Silveira+Suplemento Agrovida

Morreu Manuel Évora. Quem conheceu o presidente da associação Portugal Fresh sabe que o setor agrícola e agroalimentar perdeu um líder, um visionário e, acima de tudo, um ser humano bom, conciliador, irreverente e entusiasticamente incansável no trabalho coletivo em prol do crescimento, exportação e notoriedade das frutas, legumes e flores, dentro e fora de Portugal.

A Portugal Fresh nasceu do seu impulso e pelo seu punho em dezembro de 2010. Mostrou-se pela primeira vez na feira Fruit Logistica de Berlim, em fevereiro de 2011, como ‘umbrella’ das empresas portuguesas que expuseram, juntas pela primeira vez, naquele certame. Nos anos seguintes, partidas muitas pedras e vencidas muitas resistências, somaram-se passos relevantes na promoção internacional, a uma só voz, de um setor até aí fragmentado, cujos empresários puxavam, os que podiam e sabiam, “desgarrados, cada um a sua carroça” nas feiras internacionais, como disse, um dia, Manuel Évora à “Vida Económica”.

Muitos outros, a maioria, sem força coletiva, vendiam por cá produtos para um mercado nacional afogado numa “crise tremenda de consumo e de preços, devido ao poder da grande distribuição em Portugal e à pressão que fazia no momento de crise”. Assim lembrou o presidente da Portugal Fresh, em Madrid, na Fruit Attraction, em outubro de 2015, numa conferência organizada pela “Vida Económica”. Mas já antes, em fevereiro desse ano, o sabor e a qualidade das frutas, legumes e fl ores de Portugal tinham chegado longe: Portugal fora o país convidado da maior feira de frutas do mundo – a Fruit Logistica, em Berlim. Sob a marca-chapéu Portugal Fresh, cerca de 50 empresas nacionais expuseram naquele certame, mostrando ao mundo o que de melhor se produz em Portugal e levando ao país de Angela Merkel o então vice-Primeiro-Ministro de Portugal, Paulo Portas, e a ministra da Agricultura, Assunção Cristas.

Em 2016, até o Primeiro-Ministro, António Costa, visitou o certame e as empresas do setor ali presentes. Os números do setor são reveladores. Entre 2010 e 2015 as exportações de frutas, legumes e flores cresceram de 780 milhões de euros para 1224 milhões. Em 2016, ultrapassaram os 1300 milhões e a meta está traçada: dois mil milhões de euros de vendas para o exterior em 2020.

Como lembrou Manuel Évora à “Vida Económica” em Madrid, “a arte aguça o engenho”. E para ele não havia dúvidas: “o nosso grande objetivo foi sempre criar alternativas para aquilo que é o mercado interno em Portugal”. E como “sabíamos que tínhamos qualidade, fomos à procura de mercados externos”. Licenciado em Engenharia Agrícola pela Universidade de Évora, Manuel Évora era administrador da empresa Luís Vicente, em Torres Vedras. O setor agrícola e agroalimentar de Portugal deve-lhe um ‘Obrigado!’.

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