O ano agrícola vai terminar!…..Porque não fazer contas? – Mário Antunes

Por norma, por tradição ou resultado dos ciclos culturais, os “anos agrícolas” terminam normalmente a partir de Setembro de cada ano civil.

Este é o momento em que muitas culturas vão terminar o seu ciclo e se inicia a preparação de uma nova campanha.

Porque não fazer, nesta altura, contas específicas por cultura e/ou parcela?

Nos dias de hoje, esta parece ser uma pergunta sem sentido, mas na verdade e como todos sabemos, muitos são os agricultores que não o fazem!

Porque não tem dimensão, organização, tempo ou disponibilidade, muitos agricultores começam a planificação de um novo ano agrícola sem a informação básica de quais as parcelas e/ou culturas mais eficientes nas explorações agrícolas! Quais as melhorias que podem incorporar na gestão das explorações agrícolas tendo em vista uma maior rentabilidade? Em que culturas se perde ou ganha dinheiro?

Há casos de sucessivos anos e/ou culturas com rendimentos negativos sem que tal seja avaliado e, muito menos corrigido.

Assim será cada vez mais difícil sobreviver! Assim será difícil contrariar eventuais handicaps!

Se não fizermos esta planificação, nesta altura do ano, vamos começar um novo ano agrícola sem um diagnóstico real, correndo riscos, muitas vezes com carácter irreversível.

A avaliação de custos e proveitos por cultura e por parcela reveste-se, atualmente, de uma enorme importância, não só pela análise que permite do presente ano agrícola, mas também pela possibilidade que nos dá de planificação e correção dos anos futuros.

Sabemos que os valores de venda dos produtos agrícolas não terão oscilações de relevante importância. Temos que apostar na avaliação/redução de custos e/ou acréscimos de produções. Tal só será possível com orçamentos previsionais, com o conhecimento efetivo das contas de cultura e com um acompanhamento pormenorizado das atividades desenvolvidas!

Uma comparação tão exaustiva quanto possível dos sucessivos anos agrícolas permite ainda, não só uma maior capacidade de negociação como também maiores certezas nas opções de investimento e diversificação cultural.

A comparação e análise dos vários custos fixos e variáveis permitem ao empresário agrícola a validação das suas opções de gestão assim como a rápida inversão de eventuais estrangulamentos.

Só com esse conhecimento podemos optar e decidir bem!

Se é certo que o setor agrícola tem, como poucos, as vicissitudes de empresa a céu aberto, dependentes das condições climatéricas, também é verdade que as opções de gestão muito contribuem para o seu sucesso.

A avaliação e acompanhamento pormenorizado do rendimento das parcelas e culturas permitem ao agricultor um conjunto de decisões ao nível dos Parceiros de negócios, gastos de energia, compras antecipadas, avaliação de créditos de campanha, Novas variedades, planos de fertilização, investimentos, plano cultural de acordo com potencial das parcelas.

Esta avaliação pode ser a chave do sucesso (ou insucesso) dos empresários agrícolas.

Já existe um conjunto de ferramentas informáticas de apoio a este tipo de análise mas também é verdade que muitas vezes a simples e famosa conta de cultura pode dar a informação que se pretende.

Numa abordagem mais técnica, as contas a fazer podem não ser só de custos e proveitos diretos. Pode e deve ser feita uma análise a unidades de fertilizantes, custos e contratos energéticos, quantidades de água utilizada, duração de ciclos culturais, produções médias, necessidades de mão-de-obra, épocas de risco.

Numa outra abordagem mais específica ainda, podemos e devemos utilizar um conjunto de novas ferramentas eletrónicas que permitem também uma melhor gestão e comparação de parcelas.

A monitorização de humidade do solo, os índices de desenvolvimento das culturas, as cartas de produtividade, os índices de conforto das plantas e a sua capacidade de resposta a inputs externos, são também eles, instrumentos de utilidade comprovada na gestão das explorações agrícolas.

Muito deste “trabalho” já é necessário e obrigatório, baste que o agricultor também o utilize!

Estamos a falar do registo obrigatório em caderno de campo, condição necessária para o recebimento das compensações da Politica Agrícola Comum, certificações, medidas agroambientais e requisitos legais de gestão.

Complementarmente, o enquadramento das explorações agrícolas quer ao nível de Organizações de Produtores, quer ao nível fiscal, deve também ser tido em conta e avaliado. A “assessoria” na comercialização, no apoio técnico, nas novas culturas e a nível fiscal pode contribuir para um melhor enquadramento e para redução de encargos.

A sustentabilidade de todos os parceiros de negócios é também um aspeto que deve ser tido em conta.

Considero ainda que a agricultura de precisão pode e vai ser um passo irreversível a curto prazo. Basta que também a precisão na agricultura aconteça!

Basta que haja de facto um aproveitamento efetivo por parte do agricultor de todas as obrigações a que está sujeito e das ferramentas e apoios que tem disponíveis, para que dai resultem benefícios.

Basta fazer contas!

 

Mário Antunes

Diretor Geral da Agrotejo

 


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