A Agricultura na Palma da Mão! Ter ou não ter eis a questão! – Sílvia Mocho

A agricultura representa um dos pilares da economia do país, os fatores de produção (água, adubos, fitofármacos) e o valor da terra são determinantes para o sucesso da atividade, pelo que a sua boa utilização e controlo são imprescindíveis na agricultura moderna.

Sabendo que cada vez mais os recursos da empresa agrícola têm de ser geridos, é necessário standarizar o método de trabalho e identificar os pontos críticos de controlo de forma a otimizar a produção.

Informatizar as ações diárias e os custos de produção permite não só criar uma base de dados de grande valor para a empresa, permitindo ao empresário ter uma visão global dando-lhe a confiança necessária para uma tomada de decisão acertada.

Sendo a profissão mais antiga do mundo, a agricultura tem vindo a evoluir de forma exponencial, ainda que exista uma camada significativa de empresários agrícolas que apresentam algumas reservas à informatização do sistema, devido à sua idade e aprendizagem.

O agricultor tem na sua postura e condição uma figura de força e robustez, cujo o seu objetivo sempre foi trabalhar a terra e tirar o máximo rendimento deste esforço físico diário que era exigido. No entanto ao longo do tempo, verificou que se utilizasse essa energia para definir uma estratégia onde o esforço físico fosse menor e aumentasse a rentabilidade, ganharia mais em menos tempo. Foi assim que deu inicio ao agricultor que temos hoje, o empresário agrícola, que criou as suas próprias ferramentas e as desenvolveu à sua imagem de acordo com as suas necessidades.

Os “jovens agricultores” de cada geração têm vindo a incrementar algo de novo à agricultura, sempre com a perspetiva de evoluir e criar cada vez mais. A vontade de tornar o sistema autónomo levou à criação de maquinaria especializada, sistemas de guiamento GPS, sistemas de rega automáticos, programas informáticos para organizar informação, entre outros componentes. Com a implementação destes sistemas verificou que, o caminho era cada vez mais encurtado para chegar ao seu objetivo e entendeu que a sua força física aplicada nas tarefas específicas aumentaria a rentabilidade da sua atividade.

Para eles, por vezes valorizar demasiado ferramentas que tornem um sistema autónomo, leva a pensar que mais cedo ou mais tarde, irão tornar-se dependentes das tecnologias e deixarão de ter o controlo sobre aquilo que sempre dominaram. Este tipo de pensamentos poderá ser encarado como um bloqueio à progressão tecnológica ou uma limitação destas ferramentas.

Outra questão que se levanta, prende-se ao facto deste tipo de “ajudas” mal geridas pelo operador poderão levar a falsas conclusões ou resultados indesejados, tornando-se dependentes do utilizador para o bom funcionamento. Esta dicotomia causa alguma controvérsia e muitos optam por trabalhar da maneira que conhecem, pois, o desconhecido poderá ser incerto, mas muito promissor.

Olhemos para um caso de um agricultor que trabalha à 30 anos com trabalhos agrícolas, tem como objetivo adquirir um sistema de guiamento para aumentar a rentabilidade dos produtos aplicados numa sementeira. Ao fim de um ano de trabalho, verifica que já não seria capaz de realizar o trabalho sem este aparelho que não só poupou tempo de trabalho, como também rentabilizou o valor final da sementeira em termos de fatores de produção.

Este caminho da evolução é um sentido que muitos receiam, pois sabem que uma vez tomada a “estrada” dificilmente voltam atrás.

O caminho português para agricultura moderna não pode passar ao lado da evolução tecnológica que se regista pelo mundo, empresários agrícolas que optarem para a implementação destes sistemas irão tornar-se mais competitivos.

 

Sílvia Mocho – Técnico Comercial ISAGRI
Engenheira Zootécnica


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