Cuidado com as palavras. Floresta não quer dizer sempre a mesma coisa e, por isso, fazer generalizações à volta de um conceito pode levar a erros graves. O mesmo pode suceder com a ideia de Geografia, a ciência que estuda o espaço humano nas suas várias vertentes física, biológica e humana, mas que vai muito além dessa função e também se dedica a analisar a relação entre os aspetos físicos, biológicos e humanos do planeta Terra.
Arriscámos o improvável. Desafiámos para uma entrevista o geógrafo e professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) Álvaro Domingues, que centra a sua investigação e atividade docente na geografia humana, na paisagem, no urbanismo e nas políticas urbanas.
Pedimos-lhe que traçasse uma ‘ponte’ de reflexão para as questões da coesão territorial, do (re)ordenamento florestal, dos incêndios do último verão e da reforma da floresta que o Governo tem em curso. Tudo, a partir da escrita vertida no seu último livro “Volta a Portugal”, que já vai na segunda edição.
O inusitado resultado, que está nas vossas mãos com a presente edição deste “AgroVida”, tem tanto de surpreendente como de enriquecedor. Álvaro Domingues não teme o politicamente incorreto e tem o desconcertante poder de nos fazer descer à terra, nos obrigar a desconstruir imagens, conceitos e argumentos e de, à roda disso, descortinar soluções onde elas por vezes escasseiam ou nem sequer as víamos.
E se, à primeira vista, Geografia pouco ou nada pode ter a ver com Agricultura, fiquem a saber que as fronteiras também aqui se esbatem e que, afinal, a globalização não são só ervilhas, computadores e automóveis que circulam no mundo, mas que as madeiras e a pasta de papel fazem crescentemente parte desse processo.
Desfrutem. Esta é uma viagem singular da Geografia pelo denso território da Agricultura.
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