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Mudar para quê? – Tiago Costa

A agricultura enquanto atividade económica está sujeita a pressões crescentes que colocam em causa a sua viabilidade. A globalização, o consumidor, as regulamentações, a responsabilidade social, a ecologia, entre outros são fatores que determinam o seu futuro.

Os desafios que se colocam à Agricultura são mais complexos e exigentes que no passado quando apenas se exigia aumentar a produção. Agora, os agricultores, que passaram a ser na sua grande maioria empresários agrícolas, devem produzir mais e melhor.

Perante a evidência das alterações climáticas, de uma sociedade mais urbanizada e de uma globalização da produção, utilizando cadeias de abastecimento cada vez mais eficazes, e os consequentes efeitos na formação dos preços agrícolas, os desafios de uma agricultura empresarial, cujo objetivo é fornecer à sociedade alimentos de qualidade em quantidade suficiente e a um preço abordável por todos, são cada vez mais difíceis de encarar.

Se outras razões não existissem, estas já seriam suficientes para nos fazer pensar em mudança – uma mudança de paradigma!!

Há realmente uma necessidade de mudar no sentido de aumentar a eficiência da produção agrícola, produzindo mais e melhor com menor uso de recursos e respeitando o meio ambiente.

A tecnologia deverá ter um contributo fundamental neste percurso. A evolução necessária para uma agricultura de precisão, tem de passar pelo uso de maquinaria agrícola equipada com as mais recentes tecnologias que permitem o uso rigoroso e localizado de inputs (sementes; fertilizantes; fitofármacos, etc), associada às tecnologias de informação com apoio do Big Data que permitem auxiliar a tomada de decisão para que esta seja a mais adequada a cada momento, face às condições de cultura e aos objetivos de produção.

A gestão da água de rega e dos inputs pode ser bastante mais eficiente através do uso deste tipo de tecnologias.

No entanto, o uso da tecnologia não se pode fazer em pleno sem antes alterar o modelo de investimento em equipamento agrícola que se tem praticado até aqui, repensando o dimensionamento do parque agrícola, a sua renovação, e passando a encarar a partilha e prestação de serviços de uma forma estratégica. Isto é, não devemos assumir que cada agricultor per si deve ser autossuficiente, mas cada vez mais deve estar aberto a uma lógica colaborativa e de partilha. Colaborativa criando parcerias com outros agricultores e/ou prestadores de serviços. E partilha de meios através das plataformas digitais como já existe em alguns países da Europa. Até porque de outra forma não existe capacidade de investimento para se fazer esta renovação tecnológica.

De igual modo, é fundamental formar os técnicos agrícolas no sentido de os capacitar para o uso das tecnologias de informação com vista a melhorar a eficiência das operações agrícolas, reduzindo os custos e aumentando a sua eficácia. A tomada de decisão deve, cada vez mais, ser sustentada em dados objetivos fazendo uso do Big Data, qua através de algoritmos complexos analisa uma fonte muito extensa de informação para entregar um output simples para auxílio do técnico nas várias tomadas de decisão que ocorrem ao longo de cada ciclo cultural. O nível de erro nas decisões terá tendência para ser muito mais reduzido.

É importante por isso sermos todos atores desta mudança que está em curso, sendo que o papel das instituições, estatais e privadas, assume particular relevância. Sem uma estratégia, políticas e planos de ação, com objetivos e timings para a introdução da tecnologia, levaremos muito tempo a passar para uma agricultura 2.0, correndo o risco de deixarmos de ser competitivos!!

 

Tiago Costa

CEO Agro-pecuária Grupo Ortigão Costa

 

Uma revolução tecnológica na agricultura – Rui Almeida


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