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Está na hora de as Empresas Agrícolas terem um DA? – Nuno Góis

No passado já tive a oportunidade de aqui debater as características do ecossistema agritecnológico nacional, assim como as principais tendências para os próximos anos. Porém, algo que poucas vezes vejo receber a merecida atenção e que me parece de grande importância é o processo de implementação das ferramentas da agricultura digital na realidade de uma empresa agrícola.

Com frequência, no meu dia-a-dia, deparo-me com as dúvidas e reticências de produtores agrícolas que, perante a possibilidade de investir numa ferramenta de agricultura digital, têm como primeira resistência a necessidade de ter um colaborador dedicado à gestão destas ferramentas na sua organização. É por isso que a pergunta que impera é se realmente esta necessidade existe.

Haverá então a necessidade das explorações agrícolas criarem uma nova posição nos seus quadros para a gestão integrada dos dados recolhidos nas explorações modernas?

Sim, as grandes organizações agrícolas, com a especialização que a escala permite e exige naturalmente, irão encontrar a oportunidade para desenvolver uma posição dedicada à gestão destes dados, uma espécie de Agro-Data Analyst (Analista de Dados Agronómicos). Esta é uma tremenda oportunidade que irá permitir que seja gerado um conhecimento profundo sobre quais os indicadores geradores de produtividade e sobretudo rentabilidade, permitindo detetar e até antecipar tendências, algo que resultará num enorme aumento de competitividade para o sector.

Por exemplo, uma análise atenta dos mercados mundiais, das flutuações da oferta e da procura ou até das ocorrências meteorológicas a uma escala global constituem ferramentas importantes para prever a abertura de uma janela de valorização no momento da comercialização e assim trabalhar no sentido de antecipar ou atrasar o momento da maturação comercial da cultura, potenciando a valorização do produto final.

Claro que nas empresas agrícolas de menor dimensão é prematuro acreditar que é possível estabelecer uma posição dedicada à gestão de dados. Aí, cabe às ferramentas tecnológicas, postas ao serviço da produção agrícola, conseguirem adaptar-se e integrar-se no dia-a-dia destas empresas, criando o menor atrito possível nas suas rotinas diárias.

Tenho de facto observado que os casos de maior sucesso de implementações de ferramentas digitais em empresas agrícolas ocorrem quando aquelas são utilizadas de forma vertical na organização, de maneira que todos possam contribuir de forma simples e rápida na gestão destas ferramentas, passando por departamentos de contabilidade, técnicos, operacionais, controlo de qualidade, etc.

É indispensável que estas ferramentas permitam o trabalho colaborativo e que diferentes níveis de contribuição e permissão possam ser arbitrados assegurando a segurança e privacidade dos dados.

Nuno Góis

Business Developer na Wisecrop

Está Portugal preparado para a revolução da Agricultura Digital? – Nuno Góis


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