20 Novembro de 2018
O Ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, participou nas comemorações do 50º aniversário do Aproveitamento Hidroagrícola do Roxo, a 16 de Novembro, em Montes Velhos, Aljustrel, e disse durante o almoço comemorativo que «a Abroxo- Associação de Beneficiários do Roxo é uma associação bem estruturada e cada vez melhor apetrechada com meios técnicos e humanos para responder aos problemas dos agricultores».
O perímetro hidroagrícola do Roxo é atualmente composto por uma área regada de 8.400 hectares, onde estão instaladas explorações agrícolas modernas e de grande dimensão, que se fixaram na região devido à garantia de abastecimento de água, após a ligação de Alqueva à albufeira do Roxo, no ano 2010. Algumas dessas empresas foram visitadas pelo Ministro da Agricultura e pelos participantes das comemorações dos 50 anos do Roxo: Llopis Portugal (300 hectares de amendoal), Herdade do Monte Serrano (100 hectares de figo), Herdade da Granja (várias centenas de olival e um moderno lagar).
Durante a visita foi apresentado o Centro Agrotecnológico do Roxo, situado em Montes Velhos, onde está instalada uma unidade de receção e descasque de amêndoa, estando em projeto a construção de um lagar e de uma unidade de frio para receção de frutas e hortícolas. A empresa RPK Biopharma anunciou que vai construir neste Centro, em 2020, a sua unidade de produção (67 hectares) e transformação de canábis medicinal (700 toneladas/ano, a maior a nível mundial). Um investimento de 40 milhões de euros, envolvendo a criação de 150 postos de trabalho diretos.
Foi a pensar na introdução de novas culturas agrícola na região que a Abroxo tem vindo a fomentar o aparecimento deste tipo de unidades agro-industriais, que permitem e facilitem o escoamento das produções agrícolas de regadio. Paralelamente, a Abroxo presta um serviço de apoio ao regante, usando dados recolhidos por sondas de medição da humidade do solo e dados de previsões meteorológicas para aconselhar as explorações agrícolas a regar de forma mais eficiente e com poupanças consideráveis nos gastos de água. Preocupada com a componente ambiental, esta associação de regantes faz a monitorização da qualidade da água de rega, disponível em plataforma eletrónica, e usa energias limpas para bombagem da água na sua estação elevatória (central de painéis fotovoltaicos e central de biomassa, esta última está em projeto).
António Parreira, presidente da Abroxo, disse no discurso do almoço comemorativo dos 50 anos que «o atual modelo de gestão das áreas coletivas de regadio por associações de regantes tem atingido padrões elevados de eficiência e eficácia, por estar muito próximo do agricultor e pouco dependente do poder estatal, devendo em nosso entender ser acarinhado e incentivado, proporcionando-lhe condições para que possa realizar uma gestão que não encareça o preço da água para o agricultor, passando inclusivamente pelo aumento das áreas regadas concessionadas às Associações de Regantes». Acrescentou ainda que «no caso da associação do Roxo é importante a inclusão das áreas de regadio, bloco de Rio de Moinhos, pertencentes à 2ª Fase do Aproveitamento Hidroagrícola do Roxo, previstas nos planos de expansão do regadio e hidraulicamente dependentes da albufeira e do canal condutor geral do Roxo».
Em causa está o atual modelo de gestão do regadio público na área de influência de Alqueva, segundo o qual, a EDIA gere a rede primária e grande parte da rede secundária de distribuição de água aos agricultores no Baixo Alentejo. No entanto, o contrato de concessão da gestão da rede secundária à EDIA termina em 2020, devendo o Governo decidir se é ou não prorrogado para futuro.
Neste contexto, a FENAREG-Federação Nacional de Regantes de Portugal e a FAABA-Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo estão agora a realizar um estudo que propõe um novo modelo de governança do regadio, defendendo o alargamento das áreas concessionadas às associações de regantes para gestão da rede secundária, bem como uma política articulada de tarifários da água em toda a zona de influência de Alqueva. O tema foi debatido nas XI Jornadas FENAREG, que decorreram a 15 de Novembro, associadas às comemorações dos 50 anos do Aproveitamento Hidroagrícola do Roxo.
O Ministro da Agricultura acolheu positivamente a ideia do estudo apresentado, afirmando: «não concebo nenhum modelo de gestão para o futuro, deste empreendimento de regadio (Alqueva) ou de qualquer outro, que não passe pelo envolvimento e participação ativa dos agricultores. Isso é um dado completamente adquirido. Se é mais público ou mais privado, se é um mix, estamos abertos a discutir», garantiu Capoulas Santos, acrescentando que «até 2023 estamos em condições de definir com toda a serenidade qual o modelo de gestão que queremos para o EFMA (Alqueva). Reitero a minha disponibilidade para trabalhar com todos e encontrar um modelo consensual que sirva o país e os agricultores».