O projeto SmartAgriHubs, cofinanciado pelo programa Horizonte 2020 da União Europeia, arrancou no início de novembro, com o objetivo de promover uma vasta transformação digital do setor agroalimentar. Com um orçamento de 20 milhões de euros, o projeto visa construir uma rede Europeia de Digital Innovation Hubs (DIHs) no setor. Em Portugal o projeto é liderado pela CONSULAI.
O projeto SmartAgriHubs quer ser um verdadeiro fator de mudança na adoção de soluções digitais no setor agroalimentar. Algumas iniciativas recentes nesta área mostraram que o setor está aberto aos novos paradigmas digitais, mas as soluções disponíveis atualmente ainda são muito fragmentadas e utilizadas apenas por uma minoria das empresas.
Os Digital Innovation Hubs (DIHs) são ecossistemas que integram PMEs, grandes empresas, startups, centros de investigação e universidades, investidores e outros atores do sistema de inovação, com o objetivo de criar condições favoráveis para o desenvolvimento de inovação e novos negócios na área digital. Mais de 2 milhões de explorações agrícolas europeias serão envolvidas no projeto, que pretende alavancar, fortalecer e conectar DIHs no setor agroalimentar em toda a Europa.
Existem já 140 DIHs associados ao projeto, agregados em nove clusters regionais europeus, sendo um deles o cluster Ibérico, que em Portugal é liderado pela CONSULAI. A função destes clusters é dinamizar e trabalhar em conjunto com a rede de DIHs, para promover e financiar “projetos experimentais de digitização” no setor, desenvolvendo novos conceitos e protótipos para introduzir no mercado. Na região ibérica já estão selecionados três projetos, com financiamento assegurado:
– sistema que usa sensores e inteligência artificial para detetar pragas e doenças nas plantas, coordenado pela empresa Tekever (Portugal);
– portal ibérico para melhorar a gestão de água de rega, coordenado pela empresa Hispatec (Espanha), e baseado no Portal do Regante, da EDIA/Alqueva (Portugal);
– sistema de gestão de informação para explorações de vacas leiteiras, coordenado pelo INGACAL (Instituto Galego da Calidade Alimentaria; Espanha).
Para além destes projetos, já selecionados, serão disponibilizados nos próximos anos mais 5.4 milhões de euros para desenvolver novos “projetos experimentais de digitização”, o que abrirá a oportunidade de participação a mais entidades nacionais. Na parceria inicial estão já envolvidas oito entidades Portuguesas: CONSULAI, TEKEVER, EDIA (Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva), UNPARALLEL Innovation, Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio, Associação de Beneficiários da Obra da Vigia, e FreedomGrow.
De acordo com George Beers, coordenador do projeto e investigador na Universidade de Wageningen, o SmartAgriHubs permitirá reunir uma rede de parceiros de toda a cadeia de valor e estados membros da UE, incluindo agricultores, startups tecnológicas, empresas prestadoras de serviços, universidades e decisores políticos. Promoverá assim a 4ª revolução industrial do setor, permitindo uma nova estratégia do digital no setor agroalimentar europeu e aumentando a sua competitividade e sustentabilidade.
Pontos chave do projeto SmartAgriHubs:
– Financiado pelo programa Europeu Horizonte 2020, DT-RUR-12 – Inovação em Tecnologias de Informação e Comunicação para a agricultura: 20 M€;
– Duração: 4 anos, 2018-2022;
– Consórcio: 108 parceiros iniciais, devendo este número aumentar consideravelmente com os concursos para “projetos experimentais de digitização”;
– 140 DIHs, 9 Clusters regionais Europeus, mais de 100 “projetos experimentais de digitização”;
– Mobilização de financiamento adicional de 30 M€;
– Criação de uma rede sustentável de DIHs, com modelos de negócio viáveis e fundos de investimento associados.