[Fonte: APROLEP]
Os produtores de leite portugueses terminaram 2018 com um preço médio de 31,8 cêntimos por kg de leite, cerca de 4 cêntimos abaixo da média comunitária, conforme os dados disponibilizados pela Comissão Europeia através do Observatório Europeu do Leite.
Os produtores de leite em Espanha tiveram ao longo de 2018, tal como em anos anteriores, um preço ligeiramente superior ao nosso, mas também sempre abaixo da média comunitária. Espanha adotou agora a rotulagem obrigatória da origem do leite e produtos lácteos, prática que Portugal tornou obrigatória já em 2018. No seguimento dessa nova legislação, cremos que foram muito oportunas as palavras de Luis Planas, Ministro da Agricultura, Pescas e Alimentação de Espanha, que pediu à indústria para “refletir sobre o preço que recebem os produtores de leite para que possam também beneficiar da subida registada na Europa”, sublinhando que “a evolução do mercado europeu está a ser favorável” e lembrando que das 350.000 toneladas de leite em pó que estavam armazenadas para intervenção, apenas restam 4.000, “uma demonstração de que as coisas estão bem no mercado europeu e que existe estabilidade e boa remuneração para os produtores de leite na UE”. Mostrou-se assim “surpreendido” por não ver “a melhoria da Europa transferida” para o mercado local, pelo que pediu a todos os intervenientes no sector leiteiro para “dar um passo em frente”, porque “os produtores merecem uma remuneração justa e estável para o seu trabalho”.
O preço médio de Portugal tem sido também consequência do baixo preço pago aos produtores açorianos. Por isso, a APROLEP associa-se ao presidente da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, que ainda recentemente defendeu ser uma obrigação “garantir a subida do preço de leite à produção” e regista as palavras do Secretário Regional da Agricultura e Florestas dos Açores, João Ponte, que anunciou uma iniciativa para “dialogar e articular posições com a produção e a indústria sobre os laticínios, com vista a uma maior valorização da matéria-prima, dos produtos e do desenvolvimento desta fileira”, bem como do Presidente do Governo Regional, Vasco Cordeiro, segundo o qual “não há alternativa ao entendimento” entre a produção, transformação e comercialização, sendo um “erro crasso” para qualquer destes parceiros pensar que, “salvando-se a si, deixando cair os outros, pode triunfar”.
Os produtores de leite em Portugal continental foram ao longo dos últimos anos vítimas de preços baixos e limitações à produção impostos e justificados, por parte da indústria, com o mercado espanhol e com o leite vindo dos Açores. Nesse sentido, cremos ser neste momento obrigação do Governo português, através do Ministério da Agricultura, tomar também uma posição e articular com o Governo Regional do Açores e com o Governo espanhol uma solução para a crise do preço baixo do leite que persiste em toda a Península Ibérica, chamando à mesa produção, indústria e distribuição, para que os mais fortes não caiam na tentação de tentar salvar-se, deixando a produção afundar-se em preços baixos e para que seja rapidamente possível subir o preço do leite ao produtor até um nível justo.
11 de Fevereiro de 2019
A Direção da APROLEP
APROLEP: Desafio 2019 – Aumentar o preço do leite ao produtor