O cenário mudou
O deflagrar da Peste Suína Africana em Agosto de 2018 na China, mudou completamente o cenário para os produtores do mundo ocidental de proteína animal. Numa primeira fase, a corrida a abates compulsivos, disfarçou a forte necessidade de procura que se está e que continuará a revelar, o que poderá contribuir para anos bastantes positivos para toda a produção de pecuária.
Desde o aparecimento dos primeiros casos da doença, estima-se que o país já tenha perdido 35% do seu efetivo. Análises do Rabobank apontam que até 200 milhões de porcos podem ser sacrificados ou mortos por causa da PSA, avaliando-se que os Chineses precisarão de pelo menos cinco anos para retomar o efetivo para o patamar anterior à doença.
A produção na China
Na China a produção tradicional é ainda muito relevante, efetuada em explorações de pequeno porte e familiares, o que aumenta as dificuldades para lidar com a doença. Este modelo de produção, acrescido a hábito de comercialização em feiras, mercados, movimentação animal em modos tradicionais, etc.. não permite, ou dificulta a implementação de medidas de biossegurança, facilitando a propagação do vírus, levando já a que o mesmo se tenha propagado a países vizinhos, nomeadamente ao Vietname, sexto produtor mundial de carne de porco.
Oportunidade
O mercado Chinês aumentará as compras de proteína de origem animal. Haverá falta de carne de porco, de bovinos e de aves. O preço originará transferência de consumo entre as espécies. A redução dos efetivos tenderá a fazer diminuir os custos das rações. Haverá oportunidades para os produtores de pecuária, uma vez que a procura irá crescer em todas as espécies.
Acresce ainda como positivo para os nossos produtores, o eventual resultado do conflito comercial entre a China e os EUA, se persistir.
Aproveitemos os ventos favoráveis para solidificarmos financeiramente as nossas empresas, para realizarmos os melhoramentos nas nossas explorações, nomeadamente em questões de otimização da produção, ambiente e território e, se possível para aumentar com sustentabilidade a nossa produção.
Aos produtores das Cooperativas associadas da FENAPECUÁRIA, e para que possamos usufruir, como tanto merecemos, deixo um
Alerta:
“Aumentemos as medidas de biossegurança nas nossas explorações”, nomeadamente de pessoas, bens, transportes, etc. Atenção à chegada às nossas explorações dos trabalhadores do leste da europa e seus familiares, países onde o vírus continua latente.
Cuidado redobrado em portos e aeroportos.
Não esqueçamos a existência da doença, ainda que em javalis, também na vizinha Bélgica.
Peste Suína Africana
É uma doença viral, altamente infeciosa de declaração obrigatória, conforme determina a OIE (organização Mundial de Saúde). Não existe vacina. O vírus é bastante resistente e pode ser transmitido ao animal por meio de alimentos, equipamentos, sapatos, vestuários, e transportes contaminados.
A doença não oferece riscos à saúde humana, pois não é transmissível ao homem.
Vitor Menino
Vice –Presidente da FENAPECUARIA