No dia em que se assinala o Dia Internacional da Biodiversidade, é urgente relembrar alguns dos maiores desafios que o planeta enfrenta nos dias que correm e aos quais nenhum sector poderá ser alheio. Numa altura em que é necessário produzir cada vez mais alimentos, e de forma sustentável, urge recordar que a ciência, a investigação e as práticas agrícolas devem caminhar de mãos dadas e falar a uma só voz.
Contribuir para a prosperidade económica e o bem-estar social, protegendo simultaneamente os recursos naturais, como o solo e a água e promovendo a biodiversidade, é uma missão assumida também pelo sector agrícola. Por isso, neste dia, em que celebramos a biodiversidade, um bem precioso para o equilíbrio dos ecossistemas naturais e acima de tudo para a humanidade, particularmente ao nível das exigentes necessidades na produção alimentar e no controlo de doenças, reveste-se de especial importância relembrar o papel que a indústria pode desempenhar neste processo e que práticas poderá adoptar para promover este equilíbrio sustentável.
Vivemos hoje uma época crítica, em que a perda da biodiversidade ao nível global atingiu valores sem precedentes: as alterações climáticas, a degradação de solos e habitats naturais entre outros factores de ameaça têm um efeito devastador. E, por isso, do ponto de vista agrícola importa também reflectir: a ciência, a investigação e o desenvolvimento, hoje mais do que nunca proporcionam sofisticadas soluções que a agricultura moderna estabeleceu como ferramentas vitais. Tendo como base fundamental a aplicação de medidas de mitigação e as boas práticas agrícolas, existem diversas estratégias que podem ser utilizadas pelos agricultores para combater os inimigos das culturas de forma eficaz, otimizando os resultados e benefícios dos produtos fitofarmacêuticos, promovendo a manutenção da biodiversidade.
Consciente do papel positivo que a Indústria pode desempenhar neste processo, a ANIPLA tem implementado vários projetos que visam a adoção de medidas e das melhores práticas agrícolas, que estabelecem o equilíbrio entre a produção económica e a responsabilidade ambiental e manutenção da biodiversidade.
Esses projetos, que incluem o envolvimento e maior cooperação entre vários parceiros, são implementados de forma inclusiva e transparente, adoptando metodologias que promovem as melhores práticas de gestão agrícola, permitindo assegurar os benefícios dos produtos fitofarmacêuticos e aumentar a biodiversidade.
A SMART FARM, a quinta inteligente de demonstração e implementação de Boas Práticas Agrícolas (BPA) recomendadas pela Indústria Fitofarmacêutica é um bom exemplo disso, ao englobar o desenvolvimento de projetos que asseguram a proteção da água e do solo (projeto TOPPS) e a promoção da Biodiversidade (Estação de Biodiversidade).
Na Estação de Biodiversidade, um dos melhores exemplos, são demonstradas as melhores práticas a ser utilizadas pelos agricultores para combater os inimigos das culturas de forma eficaz, otimizando os resultados da utilização de produtos fitofarmacêuticos e promovendo a biodiversidade.
Algumas dessas práticas incluem as sementeiras das entrelinhas e bordaduras dos terrenos junto à cultura com espécies atrativas aos polinizadores e não só. Estas estruturas são locais de proteção ambiental por excelência, podem albergar uma grande gama de biodiversidade, protegendo o solo e melhorando as condições de infiltração da água no solo. Para além destas características, destacam-se outras, de não menos importância, como a proteção do meio hídrico em volta da exploração, uma vez que a capacidade de retenção de água faz com que os produtos fitofarmacêuticos sejam confinados à parcela onde foram aplicados, evitando o seu arrastamento para as águas superficiais na envolvente da exploração (fenómeno que ocorre, sobretudo, devido ao escorrimento superficial da água da chuva).
Manter ou construir estruturas ecológicas que representem habitat e alimento para os insectos auxiliares, entre eles os polinizadores, como por exemplo, faixas que contenham espécies vegetais com flor ou abrigos, é outra das técnicas aconselhadas pela Indústria. Estes habitats representam uma dupla mais valia: por um lado, são benéficos para as espécies de insetos polinizadores, e por outro, para as culturas e para o ecossistema envolvente à exploração agrícola.
É urgente que os diversos agentes se alinhem com vista a adoptar as melhores estratégias e que juntos possam proteger as culturas, espécies, habitats, ambiente e, no limite, o planeta e o seu equilíbrio. E o sector agrícola jamais estará fora da equação e longe esta luta: o equilíbrio entre a protecção da natureza e a protecção agrícola são, cada vez mais, indissociáveis e mais do que isso, são o único caminho para a garantia da sustentabilidade.
Direcção ANIPLA
Artigo escrito no âmbito do Dia Internacional da Biodiversidade