– Radiografia a um monstro –
Com a tecnologia que dispomos hoje em dia conseguimos tirar “radiografias” aos ciclones para entender melhor a sua estrutura interna e assim perceber como irão evoluir.
Esta radiografia ao “esqueleto” dos ciclones é obtida através de radiação microondas, por satélite.
A radiação microondas é um tipo de radiação que reage muito à presença de água na atmosfera, e detecta as regiões com maior concentração de vapor de água, e assim, de energia, dentro dos ciclones.
As áreas com maior concentração de água correspondem ás grandes espirais de trovoadas fortíssimas que alimentam o furacão, algumas destas trovoadas atingem altitudes superiores a 20km, com topos a temperaturas de 80 ou 90 graus negativos.
Os Furacões formam-se quando trovoadas se formam persistentemente sobre uma região do oceano, e se organizam em torno de um vortice central, que depois vai aumentando de tamanho.
No centro deste vórtice as correntes de convecção geram depois uma área central, o olho, onde o ar é forçado a descer e a aquecer, neste processo o ar suga ainda mais vapor de água do oceano, e retro-alimenta todo o processo.
Para isto ocorrer é preciso que em torno do furacão as condições de vento sejam, ironicamente, fracas e haja muita humidade e calor. Só assim é que se consegue iniciar este “motor”.
Se o vento em torno do ciclone for intenso, as trovadas nunca se conseguem agrupar em torno do vórtice central e o ciclone colapsa, o mesmo se passa de não houver humidade na atmosfera que incentive a formação de nuvens.
Após a formação de um ciclone, este acaba por gerar as suas próprias condições internas, e só se houver uma alteração mais significativa nas condições atmosféricas gerais é que o ciclone poderá morrer.
Um ciclone saudável apresenta um anel central de vigorosas trovoadas, a partir do qual se estendem braços em espiral em todos os quadrantes. A clássica imagem de um furacão.
Quando o ciclone interage com ar seco, que dificulta o crescimento das nuvens, ou quando o ciclone interage com áreas de vento forte na atmosfera, que empurrem os anéis de trovoadas, começa-se a observar uma distorção deste padrão em espiral e um enfraquecimento do ciclone, que até pode apresentar buracos e ás vezes até uma porção do ciclone “morre”.
A capacidade de diagnosticar estes processos é importantíssima para entendermos como é que os ciclones irão evoluir à medida que se deslocam.