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Sobre a exibição na escola do documentário Cowspiracy

Tomámos conhecimento de que amanhã, dia 9 de Outubro, será exibido, pelas 9h00, nas instalações da Escola Secundária de Barcelos e dirigido aos alunos do 11º ano (turmas B, D, E e F), o documentário “Cowspiracy: The Sustainability Secret” de 2014 que, de acordo com a apresentação publicada no site do Agrupamento de Escolas de Barcelos: “… promove o veganismo enquanto expõe os problemas ambientais causados pela alimentação à base de animais.” A visualização é justificada pela “recente tomada de posição da Universidade de Coimbra em não servir carne de bovino nas suas cantinas e da emergência climática ser um assunto que não permite adiar discussões”. O cartaz do evento, ainda disponível no site da Escola e que esteve afixado ao público que foi votar na manhã do passado domingo, refere a presença, como convidado, de um militante de um partido político que defende a doutrina vegan e o fim da produção animal.

Oportunamente manifestámos à Direção da Escola a nossa perplexidade pela presença de alguém que não é perito em agricultura, produção animal ou alterações climáticas e disponibilizamo-nos para enviar representantes com experiência e formação que estariam presentes a explicar a criação de bovinos para produção de leite carne em Barcelos, que envolve centenas de famílias. Tivemos como respostas a abertura para agendar no futuro a exibição e debate de alguma obra alternativa ao filme em questão e a ausência do militante político que fora anunciado, o que saudamos, pese embora o facto de permanecerem motivos de preocupação face ao conteúdo do documentário.

 O documentário Cowspiracy, cujos promotores são ativistas vegan, apresenta uma imagem distorcida da produção animal e que não deve ser generalizada. Há que contextualizar e apresentar aos alunos qual a realidade do nosso país e da região onde se inserem, bem como as práticas legais na União Europeia.

O documentário apresenta dados de emissões de gases com efeito estufa (GEE) errados e contestados por diversas entidades independentes e isentas. O ponto central da “teoria da conspiração” do Cowspiracy é o suposto “facto” de que um estudo de 2009 descobriu que 51% de todos os gases de efeito estufa são originados pela produção animal. Os próprios autores reduziram em declarações posteriores esse valor para 18%, enquanto o consenso científico aponta valores na ordem dos 14,5% a nível mundial. Em Portugal, dados de 2017 indicam que os bovinos produzem apenas 4,5% dos gases de efeito de estufa, conforme imagem abaixo.

O documentário tem muitas outras incorreções que já foram publicamente denunciadas e que seria extensivo enumerar agora. Toda a doutrina vegan na vertente ambiental ignora ostensivamente que o carbono libertado pelos animais foi captado pelas plantas cultivadas pelos agricultores, da mesma forma que deturpa os dados relativos à utilização da água na agricultura e na pecuária.

Têm surgido inúmeros testemunhos de jovens que se converteram ao veganismo após visualizar este documentário e que depois o abandonaram por motivos de saúde. Pedimos a pais e professores para estarem atentos às escolhas alimentares dos jovens e recomendamos que sejam aconselhados por nutricionistas e não por ativistas.

 É urgente assegurar de que os nossos jovens não são doutrinados unilateralmente, mas antes incentivados a questionar, discutir, inquirir sobre o porquê das coisas, formando uma opinião individual baseada em factos, devendo ser fomentado o pensamento critico, que só se consegue promovendo um debate de ideias, livre, plural e com direito a contraditório.

As tentativas de partidarização no interior e no âmbito de atividades letivas em escolas públicas são inaceitáveis e devem merecer atenção redobrada das respetivas direções.

A Direção da APROLEP


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