Os campos agrícolas que se rotulam mais amigos do ambiente, necessitam de mais terra e podem provocam maiores custos ambientais do que uma agricultura de elevada produtividade – intensiva. É com base nesta afirmação que a Universidade de Cambridge parte para um estudo sobre a agricultura intensiva e sob a forma como esta pode não ser a principal portadora de efeitos poluentes para o meio ambiente.
Segundo o estudo, realizado por cientistas de Cambridge em conjunto com 17 organizações do Reino Unido e de vários países da Polónia, Brasil, Austrália, México e Colômbia, a crescente procura de alimentos pode conservar a biodiversidade se a agricultura for feita de forma a procurar obter a máxima produção possível, salvaguardando os habitats naturais.
Esta é uma premissa que sugere alguma discussão, e que advém sobretudo das opiniões que defendem que as técnicas de agricultura intensiva implicam altos custos de poluição. Um recente estudo publicado no jornal “Nature Sustainability” mostra que não é bem assim.
A agricultura de alta produtividade necessita de menos terra para produzir a mesma quantidade de alimentos. Os autores do estudo referem que esta abordagem sobrestima o seu impacto ambiental pois, na verdade, esta causa menos perdas de solo e menos consumo de água. O estudo de Cambridge reforça esta ideia, salientando que “os nossos resultados sugerem que a agricultura intensiva pode ser usada sem destruir mais do mundo natural. Contudo, se evitar a extinção for um objetivo, é vital que essa agricultura seja eficiente e sustentável, para evitar a destruição de áreas ocupadas por vida selvagem.”
As estratégias de alta produtividade aconselhadas incluem: sistema de pastagens melhoradas, desenvolvimento na produção de carne, o uso de fertilizantes químicos nas culturas e a pecuária intensiva. Apesar dos cientistas considerarem que o estudo tem dados limitados e que é necessário um aprofundamento na investigação sobre os custos ambientais dos diferentes sistemas produtivos, os resultados sugerem que, utilizando as estratégias adequadas, muitos dos sistemas, tornam-se menos prejudiciais para o ambiente.
Um dos exemplos, liderado pelo professor da Universidade de Nottingham, Phil Garnsworthy, avalia o modo de produção biológica na Europa, nomeadamente na produção de lacticínios. Os resultados mostram que para a mesma quantidade de leite produzida, o modo de produção biológica originou pelo menos um terço de perda de solo, precisando ainda do dobro de terra arável quando comparado com a produção tradicional. Ou seja, nos diferentes sistemas de produção de lacticínios conseguimos perceber que o sistema produtivo mais eficiente tem menos impacto ambiental.
O modo de produção biológica é, neste sentido, menos amigo do ambiente do que o modo convencional/tradicional. A agricultura de elevada produtividade deve ser combinada com mecanismos que limitem a sua expansão se não houver benefícios ambientais, sendo este o caminho para seguir em frente.