Maria da Graça Carvalho

“Transgénicos” e GMO não são sinónimos. O caso CRISPR – Cas9 – Maria da Graça Carvalho

Para se falar num transgénico o organismo tem sempre de receber ADN externo de forma a adquirir nova caraterísticas. Mas há outros GMO que não implicam estas combinações de genes, antes “gene editing”

Um salmão do Atlântico que cresce ao dobro do ritmo habitual da sua espécie graças a caraterísticas “emprestadas” pelas fanecas. Um gato que é imune ao equivalente felino do HIV, devido a genes obtidos do macaco Rhesus, e tem ainda a particularidade de brilhar no escuro, porque os cientistas utilizaram como marcador outro gene associado à luminescência de certas alforrecas. Trigo resistente a herbicidas graças aos genes de bactérias. Arroz com betacaroteno, um pigmento com propriedades antioxidantes, que ocorre naturalmente em certos legumes, como a cenoura e a abóbora, ou em frutas como a manga e o mamão.

Quando pensamos em organismos geneticamente modificados (GMO), estes são alguns dos exemplos que nos ocorrem mais facilmente, porque são também os que chegam às páginas dos jornais e aos noticiários. Inovações que parecem saídas dos livros de ficção científica, com um potencial extraordinário, mas também implicações, tanto no plano ético como em termos de saúde pública, que obrigam a um permanente escrutínio e à existência de legislação clara e rigorosa.

No que respeita aos GMO, a União Europeia tem sido um exemplo para o resto do mundo pela forma como criou e implementou um quadro legal que protege as suas populações e os seus recursos naturais de possíveis abusos cometidos em nome da ciência. E essa ética deve ser mantida, ainda que por vezes signifique competir em condições desiguais, nomeadamente no setor agrícola, com mercados mais liberais.

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